
O interesse por investimentos ESG (ambientais, sociais e de governança) pode ter arrefecido no curto prazo, mas a tendência segue firme e se consolidando como parte estrutural do mercado. A avaliação é de Paulo Sampaio, diretor sênior da América Latina Cone Sul na S&P Dow Jones Indices, em entrevista ao BP Money .
“O interesse por ESG deu uma arrefecida no curto prazo, mas é uma tendência que veio para ficar”, afirmou Sampaio.
Segundo o especialista, a discussão sobre sustentabilidade deixou de ser apenas um modismo de mercado e passou a integrar de forma mais madura as decisões de investimento.
O diretor ainda observa que, apesar do recuo momentâneo, há um movimento de consolidação e sofisticação em torno do tema.
“As pessoas estão compreendendo melhor o que é o ESG. Ele está sendo mais bem interpretado e aplicado de maneira mais prática, dentro do contexto de cada país e setor”, destacou.
Para Sampaio, o avanço regulatório e a pressão de investidores institucionais garantem que a pauta de sustentabilidade continue relevante, mesmo diante de ciclos de mercado menos favoráveis.
“Hoje há um entendimento de que o ESG não é uma moda passageira, mas uma forma mais ampla de avaliar riscos e oportunidades”, completou.
Sofisticação dos investidores e estratégias temáticas
O diretor da S&P Dow Jones também aponta que o mercado brasileiro vive uma fase de amadurecimento no uso de índices e ETFs, impulsionado por uma base de investidores cada vez mais informada.
“O investidor brasileiro está mais sofisticado, entende melhor o produto e busca exposição a temas específicos”, afirmou Sampaio.
Essa mudança, segundo ele, tem se refletido no crescimento de estratégias temáticas, que vão desde setores como tecnologia e energia limpa até temas ligados à transição demográfica e digital. Ele explica que esse avanço ocorre em paralelo à maior disponibilidade de produtos no mercado e à consolidação de uma infraestrutura mais robusta.
“Você vê investidores buscando diversificação e exposição a tendências globais, o que é um sinal claro de maturidade do mercado”, avaliou.
Sampaio observa ainda que o desenvolvimento de novas metodologias e índices customizados deve ampliar as possibilidades para gestores e investidores locais.
“O mercado brasileiro está evoluindo rapidamente, e isso cria espaço para produtos mais sofisticados, alinhados às tendências internacionais”, completou.