Foto: Soja / CanvaPro
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A safra de soja do Brasil poderia registrar um salto de 61,5% em relação à temporada passada, atingindo cerca de 275 milhões de toneladas, se houver avanço do cultivo sobre pastagens com potencial para serem convertidas em lavouras, aponta estudo da Consultoria Agro do Itaú BBA, antecipado à Reuters.

O levantamento não estipula um prazo para essa expansão adicional, mas destaca que o processo de conversão de pastagens vem acontecendo nos últimos anos.

Segundo a consultoria, o aumento potencial na produção seria de quase 105 milhões de toneladas, comparado ao recorde de 170 milhões de toneladas registrado na safra anterior.

“O Brasil possui uma das maiores áreas de pastagens do mundo, o que representa uma oportunidade para um uso mais eficiente da terra por meio da agricultura”, afirmam os analistas Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama, autores do estudo.

O relatório observa que o ganho adicional de produção seria dobro da safra atual da Argentina, terceiro maior produtor mundial de soja, atrás apenas de Brasil e EUA.

Segundo o estudo, a estimativa considera apenas áreas de pastagens com características agronômicas favoráveis à conversão, avaliadas pela Embrapa.

“A conversão de pastagens em lavouras é um dos principais motores estruturais da expansão agrícola no Brasil”, afirma o Itaú BBA.

A Embrapa estima que cerca de 28 milhões de hectares de pastos – equivalentes a 17% da área total de pastagens do país – têm potencial para serem transformados em lavouras.

A incorporação dessas áreas representaria um aumento de 59% na área plantada, atualmente em 47,5 milhões de hectares.

Centro-Oeste e Matopiba lideram expansão

A região Centro-Oeste concentra a maior parte do potencial de conversão, devido à extensa área de pastagens. Os estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) também se destacam.

Além da soja, a consultoria projeta aumento na produção de milho, cultivado majoritariamente na segunda safra após a colheita da oleaginosa.

O crescimento potencial estimado é de 58%, chegando a 144 milhões de toneladas, com a área plantada podendo expandir em 10,2 milhões de hectares, seguindo a expansão da soja.

O estudo ressalta que o aproveitamento de pastagens já existentes pode permitir essa expansão sem pressionar novas áreas de desmatamento.