Reforma Tributária e mercado de capitais: o que muda para os planejadores
Foto: divulgação Congresso Internacional Planejar 2025

A Reforma Tributária segue avançando no Congresso e deve transformar o modo como empresas e investidores lidam com tributos no País.

As novas regras sobre o consumo, o IOF e a reestruturação de incentivos colocam o planejador financeiro no centro de um ambiente em transformação, que exige leitura técnica e atenção constante às mudanças.

Diante desse contexto, o Congresso Internacional Planejar, realizado nesta terça-feira (4), reuniu Betânia Faria da Planejar, Bruno Funchal do Bradesco Asset e Thais Veiga Shinga da Mannrich e Vasconcelos Advogados para discutir os efeitos práticos da Reforma Tributária sobre o mercado de capitais e o planejamento financeiro.

“O ambiente está complexo, o que é bom para os planejadores”, afirmou Bruno Funchal, da Bradesco Asset. Para ele, a soma entre mudanças tecnológicas, novas formas de relacionamento com o investidor e o redesenho regulatório e tributário cria um novo mapa para o planejamento de longo prazo.

“Para a gente gerar valor, precisamos entender as mudanças”, explicou. “O Governo deve continuar tentando reduzir a contenção dos incentivos. Hoje temos uma super concentração em determinados tipos de produtos e eu acho que isso é um problema. É ruim não só para a diversificação, mas para a questão de visão de longo prazo.”

Segundo Funchal, o IOF passou a ter um peso maior no desenho dos investimentos e modificou parte dos incentivos previdenciários. “A maior repercussão do IOF foi reduzir benefícios da previdência; o dinheiro migrou para títulos incentivados”, completou.

Dessa forma, as alterações recentes no decreto do IOF e a MP 1.303/2025, que trata da tributação de aplicações financeiras e ativos virtuais, seguem em debate no Congresso e devem impactar o fluxo de recursos para produtos de crédito e previdência.

IVA: o novo sistema de consumo e seus reflexos

A advogada Thais Veiga Shinga, do Mannrich e Vasconcelos Advogados, analisou o funcionamento do IVA, que será dividido entre IBS (estadual/municipal) e CBS (federal). Ela destacou que o PLP 68/2024, que regulamenta o modelo, deve alterar estruturas como fundos fechados, holdings e investimentos de longo prazo.

“O papel do planejador é evitar desesperos. O cliente costuma se assustar e o nosso papel é trazer essa tranquilidade para o cliente, trabalhando com frieza”, afirmou.

Para Betânia Faria, da Planejar, o momento pede equilíbrio e visão global. “Precisamos olhar o cenário com frieza. Temos um cenário montado e, enquanto profissionais, precisamos estar atentos. São tendências que vêm para ficar”, disse.

Ela também ressaltou que há setores com instrumentos ainda protegidos, como infraestrutura e agronegócio, que seguem relevantes para o investidor. “Se eu tivesse que dar uma dica, acho que o planejador tem uma oportunidade única de olhar para o cliente e tirar o foco do produto em si.”

“O valor gerado pelo planejamento nesse ambiente de mudanças é muito grande”, reforçou Funchal. Em um contexto de ajustes tributários e volatilidade, a atuação do profissional CFP® torna-se essencial para orientar o investidor com base em objetivos, horizonte de tempo e eficiência fiscal, e não apenas em produtos.

O que acompanhar daqui pra frente

  • Regulamentação da Reforma Tributária, com foco na transição do sistema de consumo e na redistribuição de receitas.
  • Desdobramentos da MP 1.303/2025, que afeta tributação sobre investimentos e previdência.
  • Expansão de títulos incentivados nos setores de infraestrutura e agronegócio, que seguem com isenção fiscal parcial.

O avanço da Reforma Tributária redefine o mercado de capitais e reforça o papel do planejamento financeiro como bússola em um ambiente em constante mudança.