
O GPA (PCAR3) apresentou resultados mistos no terceiro trimestre, com avanços operacionais pontuais, mas ainda pressionado por um cenário de consumo fraco e alto endividamento.
A varejista de alimentos registrou lucro líquido de R$ 137 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 310 milhões do mesmo período de 2024 — resultado impulsionado por um crédito de imposto de R$ 415 milhões, e não por melhora estrutural do negócio.
Às 12h35 (horário de Brasília), as ações do GPA subiam 2,64%, a R$ 3,89, após chegarem a avançar 9,23% (R$ 4,14) na máxima do dia, refletindo o alívio com o lucro contábil e os planos de eficiência divulgados pela empresa.
A companhia informou que reduzirá investimentos e despesas operacionais em 2026, com capex entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões (ante R$ 693 milhões nos 12 meses até setembro) e corte mínimo de R$ 415 milhões em custos.
O objetivo é tornar a operação mais enxuta em meio a um ambiente ainda desafiador para o varejo alimentar.
No trimestre, a receita líquida somou R$ 4,6 bilhões, alta de 1,4% na comparação anual, mas abaixo das estimativas do mercado. O Ebitda ajustado atingiu R$ 412 milhões, avanço de 3,3% e margem de 9,0%, enquanto o Ebit ficou em R$ 47 milhões, pressionado por R$ 76 milhões em despesas não recorrentes com fechamento de lojas e reestruturações.
A margem bruta manteve-se praticamente estável, em 27,6%, sustentada por negociações comerciais mais eficientes e disciplina de preços.
O fluxo de caixa livre voltou ao terreno positivo, favorecido pela melhora no capital de giro.
Por segmento, Pão de Açúcar e Mercado Extra registraram crescimento modesto de 2% e 2,3%, respectivamente, enquanto a bandeira de proximidade se destacou, com alta de 17,4% na receita.
Já o segmento Aliados recuou 41,2%, refletindo a decisão de reduzir a operação para preservar margens.
Apesar do ganho contábil, o resultado financeiro continuou negativo, com prejuízo líquido de R$ 317 milhões, em linha com o observado um ano antes.
Leitura dos analistas
Para a XP Investimentos, o GPA “segue pressionado por demanda fraca e margens apertadas”, embora o controle de despesas e o fluxo de caixa positivo sinalizem uma melhora gradual.
A corretora manteve recomendação neutra (marketperform), citando a alta alavancagem como principal preocupação.
O Itaú BBA destacou o crescimento de 4,1% nas vendas nas mesmas lojas, dois pontos acima da sua projeção, e considerou os resultados “resilientes diante de um ambiente desafiador”.
Já a Genial Investimentos avaliou que o balanço reforça a disciplina operacional e a eficiência da companhia, mas ponderou que o lucro foi inflado por um evento não recorrente. A casa também manteve recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 3,50.
Panorama
Com juros ainda elevados e consumo desaquecido, o GPA tenta equilibrar corte de custos e desalavancagem para sustentar margens e fluxo de caixa.
Analistas destacam que a companhia “fez a lição de casa”, mas ainda precisa mostrar consistência operacional para converter o lucro contábil em resultados recorrentes.