
As crises das últimas semanas envolvendo risco de reestruturação de dívida da Braskem (BRKM5) e a recuperação judicial da Ambipar (AMBP3) têm impactado no mercado de títulos de empresas brasileiras.
Companhias com um alto índice de risco de crédito tiveram papéis desvalorizados no mercado internacional, como foi o caso da Oi (OIBR3), Tupy (TUPY3), Rumo (RAIL3) e a antiga BRF – fundida com a Marfrig (MBRF3).
As empresas emitem títulos de dívida no exterior, mais conhecido como bonds, com o intuito de captar recursos junto a investidores internacionais e diversificar suas fontes de financiamento. O capital adquirido serve para renegociar dívidas, realizar investimentos em expansão, recompor caixa ou financiar aquisições.
Entretanto, essas companhias ficam expostas à variação cambial, pois a dívida é lançada em dólar.
O movimento, porém, acaba não influenciando na sistemática das operações das companhias no mercado nacional. Em um único mês, por exemplo, as empresas que tiveram seus bonds desvalorizados são as mesmas que passam por momentos delicados, além de Ambipar e Braskem, a CSN (CSNA3) e Movida (MOVI3).
No último mês os títulos de dívida emitidos pela Ambipar no exterior operaram em uma forte desvalorização de 82% no seu valor de face. Esse desconto criou interesse nos investidores que costumam comprar títulos nas mínimas na expectativa de ganho a partir da recuperação dos papéis com a reestruturação da empresa.
A Braskem segue pressionada pela questão judicial e ambiental do estado de Alagoas, que deve gerar prejuízos bilionários. A CSN, por sua vez, enfrenta margens comprimidas e alavancagem mais alta devido à queda nos preços de aço e minério. Já a Movida tem tido dificuldade de captar recursos devido aos juros altas da taxa Selic.
A Raízen (RAIZ4) aparece entre as empresas com uma classificação de grau de investimento e é a que mais tem sofrido no mercado internacional. Só na última semana seus bonds apontaram uma queda de 2,7%, batendo quase 15% no mês. A companhia tem registrado sérios desafios financeiros devido ao alto endividamento e prejuízo bilionário.
No início do mês, a Raízen afirmou que não mantém sob seus radares a realização de uma reestruturação de dívida e que tem um caixa robusto, com R$ 15,7 bilhões disponíveis.