Fonte: Shutterstock
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A manutenção da taxa Selic em 15% ao ano já era amplamente esperada pelos agentes do mercado. A atenção, porém, estava voltada, principalmente, ao comunicado que seria divulgado pelo Copom (Comitê de Política Monetária) em seguida para saber se haveria indícios para o início do ciclo de cortes de juros nas próximas reuniões, porém a resposta não foi tão bem recebida.

Segundo o comunicado do BC (Banco Central), o ambiente externo se mantém ‘incerto’ devido a relação política e econômica dos EUA com o cenário financeiro global. Para o BC, “tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes [como é o caso do Brasil] em ambiente marcado por tensão geopolítica”, diz trecho do documento.

Para Camilo Cavalcanti, gestor de portfólio da Oby Capital, “o comunicado não trouxe novas informações relevantes, destacando que o cenário evolui dentro do esperado pelo BC, que não vê motivos para alterar sua orientação tão cedo”, explicou.

Inflação

Acerca da inflação, a autoridade monetária afirmou que “a inflação cheia e as medidas subjacentes apresentaram algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação”, destacando a importância quanto ao direcionamento do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para a meta estabelecida de 3,00%.

Segundo o Banco Central a desancoragem das expectativas de inflação, a resiliência na inflação dos serviços e a influência de políticas econômicas internas e externas que impactem a inflação mais do que o esperado são sinais de riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas da inflação.

Segundo José Áureo Viana, economista, assessor e sócio da Blue3 Investimentos, os riscos inflacionários foram importantes na decisão do BC e que o Comitê não descarta novos ajustes, se necessário. “A mensagem foi de continuidade, prudência e vigilância, priorizando estabilidade e credibilidade da política monetária.”

Para o economista Maykon Douglas, porém, “o Copom fez bem em manter a expressão ‘bastante prolongado’ no trecho que trata da manutenção dos juros. Preservar o plano de ‘parar e observar e o mostrar firmeza no discurso é a arma do Copom para reancorar das expectativas, enquanto surgem mais sinais sobre o fiscal e a atividade”, disse.

Em contrapartida, José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, “a única alteração relevante no comunicado foi a redução na projeção da taxa de inflação para o segundo trimestre de 2027, que caiu de 3,4% para 3,3%. Este ajuste aproxima a projeção da meta de 3,00% ao ano”, disse.