Foto: Reprodução Lyon Santos MDS
Foto: Reprodução Lyon Santos MDS

Um levantamento do TCU (Tribunal de Contas da União) revelou um dado alarmante: R$ 3,7 bilhões saíram de contas de beneficiários do Bolsa Família para casas de apostas on-line em janeiro deste ano. O valor equivale a 27% dos R$ 13,7 bilhões pagos pelo programa no mesmo período.

A análise, feita a partir do cruzamento de CPFs de apostadores com o banco de dados do Bolsa Família, identificou que 4,4 milhões de famílias, cerca de 22% dos beneficiários, realizaram algum tipo de transação com sites de apostas. Parte delas, segundo o tribunal, já apresenta níveis preocupantes de endividamento.

O TCU também constatou uma forte concentração das movimentações: 20% das famílias apostadoras foram responsáveis por cerca de 80% do valor total transferido, o que acendeu o alerta para possíveis fraudes e uso irregular de CPFs. Há registros de transferências incompatíveis com a renda declarada, incluindo um caso em que uma única família enviou R$ 2,1 milhões a plataformas de apostas em apenas um mês.

“Esses valores estão muito acima da realidade dos beneficiários do Bolsa Família e da maioria dos brasileiros. Isso reforça a hipótese de uso indevido de CPFs para movimentações ilegais”, aponta o relatório do tribunal.

Entre os casos mapeados, 889 mil famílias concentraram R$ 2,9 bilhões em apostas, o equivalente a 78% do total gasto. Outras 3,2 milhões transferiram até R$ 600, enquanto 820 mil enviaram mais de R$ 1 mil a sites de jogos. A investigação também identificou 2,8 mil famílias em situação crítica de endividamento e quase 775 mil com comprometimento das necessidades básicas.

O levantamento considerou apenas casas de apostas autorizadas, mas o TCU ressalta que plataformas ilegais seguem em operação, mesmo diante de esforços do governo para combatê-las.