
A CPFL Energia (CPFE3) fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 1,38 bilhão, alta de 3,3% na comparação anual e acima da projeção de analistas (R$ 1,14 bi, segundo IBES/LSEG).
O resultado veio mesmo em meio ao ambiente desafiador para a geração renovável.
O Ebitda avançou 0,3%, para R$ 3,16 bilhões, também superando as estimativas de mercado (R$ 2,98 bi).
Segundo a companhia, o desempenho foi sustentado pelas distribuidoras, apoiado por menor provisão para devedores duvidosos, melhora nos indicadores de perdas e reajustes tarifários.
Pressão nas eólicas
A área de geração voltou a sentir os efeitos do curtailment imposto pelo ONS. As eólicas da CPFL tiveram restrição de 37% no trimestre, ante 27% um ano antes, gerando impacto financeiro de R$ 219 milhões (vs. R$ 149 milhões em 2024).
O CEO Gustavo Estrella avalia que o nível de cortes tende a seguir elevado, diante do consumo insuficiente e de gargalos de transmissão.
Ainda assim, vê avanço relevante com a aprovação pelo Congresso da MP 1.304, que cria regras de ressarcimento aos geradores, texto agora aguarda sanção presidencial.
“Já conseguimos calcular o tamanho do ressarcimento e salvar pelo menos o resultado. O caixa talvez leve um pouco mais, dependendo da regulamentação”, afirmou.
A expectativa do executivo é registrar o efeito no 4º trimestre, enquanto o recebimento em caixa deve ocorrer no início de 2026.
GSF e cenário úmido desfavorável
No trimestre, a companhia também enfrentou impacto do risco hidrológico (GSF), com geração hidrelétrica abaixo dos volumes contratados.
Estrella disse enxergar a chegada de um período úmido de baixa hidrologia, o que tende a manter o PLD em patamares elevados, apesar do menor consumo.
“Temos visto chuvas intensas, mas muito curtas – não ajudam a encher reservatórios”, disse.
De olho em expansão, a CPFL pretende competir com mais força nos próximos leilões de transmissão, após arrematar um dos maiores lotes do certame realizado no mês passado.
“A cada leilão que ganhamos, ampliamos investimentos, escala e know-how”, afirmou.
A empresa também avalia oportunidades no segmento de armazenamento de energia, considerando baterias e usinas hidrelétricas reversíveis. A expectativa é de que novas regras para o setor abram espaço para investimentos.
“Pode virar um novo modelo de negócio para nós, escalável”, disse Estrella.