
O Bitcoin registrou uma queda acentuada nesta quinta-feira, recuando para a faixa dos US$ 95 mil e dando continuidade a um movimento de correção que já vem se intensificando desde outubro. Nesse período, mais de US$ 450 bilhões foram varridos do mercado cripto, enquanto o BTC acumula mais de 20% de queda desde sua máxima de 2025.
Para Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, o rompimento do suporte dos seis dígitos não aconteceu por acaso, e reflete uma confluência de fatores técnicos e macroeconômicos.
“A pressão vendedora aumentou de forma expressiva. Tivemos vendas à vista mais pesadas, fluxo enfraquecido nos ETFs e um ambiente global claramente mais avesso ao risco. Tudo isso ocorre num momento de liquidez mais curta, com menos atuação de grandes fundos, tesourarias e do investidor de varejo”, afirma Prado.
Fed mais duro, risco global maior
O ambiente externo tem desempenhado papel central no mau humor do mercado. O Federal Reserve indicou que pode pausar ou até reverter os cortes de juros, diante da persistência inflacionária. A mudança mexeu com os yields, derrubou ações de tecnologia e aumentou a pressão sobre todos os ativos classificados como “crescimento” categoria na qual o Bitcoin costuma ser incluído.
Segundo Prado, a percepção de que uma bolha de inteligência artificial pode estar inflando rapidamente também eleva a aversão ao risco global, criando um cenário de cautela generalizada.
Suporte em US$ 93 mil vira ponto-chave
Com o BTC ensaiando uma estabilização acima dos US$ 95 mil, o próximo nível crítico no radar dos analistas é a região dos US$ 93 mil. Uma perda consistente desse suporte pode acelerar a correção.
“Se esse suporte não segurar, há espaço para novas quedas. Em ciclos recentes, como os de 2024 e início de 2025, vimos correções de 30% a 40%. Hoje o BTC já caiu mais de 20%, ou seja, o mercado ainda tem margem para se ajustar”, avalia Prado.
O comportamento nas próximas sessões deve ser decisivo para indicar se o movimento atual representa apenas uma correção mais profunda ou o início de um ciclo realmente mais longo de baixa.