Foto: BRB/Divulgação
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A compra de carteiras de crédito que representavam 30% dos ativos do BRB foi apontada pelo juiz Ricardo Leite como indício de que o banco público tentou “amparar o Banco Master em sua crise de liquidez”. Com base nessa avaliação, o magistrado determinou o afastamento do presidente da instituição, Paulo Henrique Costa.

Segundo Leite, a investigação identificou que o BRB adquiriu carteiras de crédito com um volume considerado expressivo e que, para o juiz, constitui um “indício relevante” de que o banco brasiliense teria assumido riscos para dar suporte ao Master em meio às dificuldades financeiras.

As suspeitas se intensificaram a partir da análise de documentos e balanços que detalham o tipo de ativo adquirido.

O material reunido na apuração mostra que “boa parte dos ativos da instituição eram de difícil valoração e baixa liquidez”, um fator que, em condições normais, já exigiria maior cautela.

Ao mesmo tempo, os registros financeiros revelaram que o Banco Master “emitiu quase R$ 2,3 bilhões em Letras Financeiras”, títulos que acabaram concentrados majoritariamente em fundos geridos por órgãos públicos. Entre esses entes, regimes próprios de previdência figuram como os principais compradores, tendo adquirido R$ 1,867 bilhão dos papéis.

As informações levantadas pela investigação foram determinantes para que o juiz entendesse haver risco na manutenção de Paulo Henrique Costa no comando do BRB enquanto o caso segue em análise, resultando em seu afastamento imediato.

Indícios de socorro ao Master

A decisão judicial aponta que a compra de carteiras de crédito que representavam 30% dos ativos do BRB é um indício de que o banco público tentou “amparar o Banco Master em sua crise de liquidez”. Essa conclusão aparece no processo que investiga operações suspeitas entre as duas instituições — transações que, segundo os autos, podem ter causado um prejuízo de R$ 12 milhões. O Master teria adquirido carteiras de crédito inexistentes e, na sequência, as revendido ao BRB.

O magistrado observou ainda que o BRB “desconsiderou irregularidades graves nas operações, inclusive situações em que o comprovante de depósito não correspondia ao valor da Célula de Crédito Bancário (CCB), quadro que se manteve mesmo após três meses de fiscalização”.

Diante das suspeitas, o juiz determinou o afastamento de Paulo Henrique Costa da presidência do BRB por 60 dias. Em reação imediata, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou que pretende nomear para o comando do banco Celso Eloi de Souza Cavalhero, servidor da Caixa Econômica Federal.