Rioprevidência é um fundo fundo responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões (Foto: reprodução/O Dia)
Rioprevidência é um fundo fundo responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões (Foto: reprodução/O Dia)

O fundo Rioprevidência aplicou R$ 2,6 bilhões em fundos do Banco Master ao longo de 2024 e 2025, aproveitando as taxas “mais atrativas” que estavam sendo ofertadas. Informações do g1 Rio de Janeiro.

No mês de maio, o TCE (Tribunal de Contas) do RJ já havia alertado para “graves irregularidades” ao gestores do fundo. Posteriormente, em outubro, o Tribunal voltou a criticar aportes e determinou tutela provisória com apensação sobre o Rioprevidência, impedindo-o de fazer novas transações com o banco de Daniel Vocaro.

“Chega de decisões sem transparência, chega de colocar em risco a aposentadoria daqueles que colaboraram com a construção deste estado”, declarou o conselheiro Jose Gomes Graciosa.

Graciosa considera que o fundo responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões a 235 mil servidores inativos do Rio assumiu o risco de negociar com o Master, mesmo diante de um ambiente externo que recomendava “máxima cautela”.

O conselheiro também destacou que os investimentos foram realizados “em fundos do do grupo liderado pelo Banco Master, sem histórico de atuação com governança, e métricas de risco pouco demonstradas que atendesse aos princípios da segurança, proteção, transparência e prudência financeira”.

“Nós sabemos que esse Banco Master se encontra numa situação extremamente duvidosa, e é farto o noticiário que dá conta de que este banco oferecia taxas de investimento que são impossíveis de serem aplicadas no mercado”, disse na ocasião.

De acordo com o membro do Tribunal de Contas, tudo indicava que o banco estava “numa situação falimentar e que certamente não poderia honrar com os compromissos que vinha assumindo naquela oportunidade”.

O Rioprevidência afirmou, em nota, que  “o valor efetivamente investido [no Banco Master] foi de aproximadamente R$ 960 milhões, em Letras Financeiras emitidas pelo Banco Master S.A., e a operação segue regular, adimplente e plenamente enquadrada nos parâmetros legais e prudenciais”.

Entenda o aporte

Segundo o Tribunal de Contas estadual, o Rioprevidência usava o dinheiro arrecadado com descontos em folha para aplicar no mercado financeiro, o que deveria garantir a sustentabilidade do fundo.

O órgão determinou que o fundo não investisse mais em instrumentos financeiros emitidos, administrados ou geridos pelo conglomerado do Banco Master, nem em outras instituições que estivessem de acordo com os princípios de segurança e prudência financeira aconselhados.

Em maio, o TCE já havia pedido esclarecimentos sobre os investimos e, desde então, conclui que houve agravamento das irregularidades.

Até o mês de julho, R$ 2,5 bilhões, 25% dos recursos aplicados pelo Rioprevidência, estavam expostos a fundos administrados pelo Master.

Um dos exemplo disso é o aporte de mais de R$ 1 bilhão na Arena Fundo de Investimentos, administrado pela Master S/A Corretora. O fundo começou as operações em 18 de dezembro de 2024; no dia seguinte, o Rioprevidência fez o primeiro aporte de R$ 50 milhões. Desde então o fundo fez sucessivos aportes, sendo o único cotista.

A rentabilidade média do fundo, de 4,05%, ficou abaixo da poupança (5,47%) e passou longe do CDI (9,31%), reforçando a “ausência de vantajosidade” para o TCE.

Os técnicos também identificaram aportes de mais de R$ 300 milhões em letras financeiras sem qualquer informações disponível. Em outra situação citada pelo Tribunal de Contas, foi feito o investimento de R$ 100 milhões em julho, que caiu para R$ 75 milhões em apenas um mês.

Para o TCE, os exemplos “evidenciam uma gestão possivelmente irresponsável dos recursos do regime previdenciário”.