
A crise que levou à liquidação do Banco Master colocou sob tensão os regimes próprios de previdência de servidores (RPPS) espalhados pelo país. Informações do Ministério da Previdência mostram que 18 entes federativos direcionaram recursos para letras financeiras emitidas pelo banco, acumulando uma exposição que se aproxima de R$ 2 bilhões.
O risco é significativo: os aportes somam cerca de R$ 1,86 bilhão, valor sujeito aos desdobramentos do processo de liquidação. As informações foram extraídas da reportagem da CNN.
Entre todos os investidores, o caso mais sensível é o do Estado do Rio de Janeiro, cuja autarquia responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões concentra R$ 970 milhões — praticamente metade de todo o montante aplicado pelos RPPS.
O cenário acendeu o alerta entre gestores previdenciários, que agora aguardam a avaliação dos ativos e os próximos passos da liquidante para estimar possíveis impactos nas contas futuras dos regimes.
Veja lista completa
| Ente / Município | Valor Aplicado |
|---|---|
| Angélica (MS) | R$ 2 milhões |
| Aparecida de Goiânia (GO) | R$ 40 milhões |
| Araras (SP) | R$ 29 milhões |
| Cajamar (SP) | R$ 87 milhões |
| Campo Grande (MS) | R$ 1,2 milhão |
| Congonhas (MG) | R$ 14 milhões |
| Estado do Amapá (AP) | R$ 400 milhões |
| Estado do Amazonas (AM) | R$ 50 milhões |
| Estado do Rio de Janeiro (RJ) | R$ 970 milhões |
| Fátima do Sul (MS) | R$ 7 milhões |
| Itaguaí (RJ) | R$ 59,6 milhões |
| Jateí (MS) | R$ 2,5 milhões |
| Maceió (AL) | R$ 97 milhões |
| Paulista (PE) | R$ 3 milhões |
| Santa Rita d’Oeste (SP) | R$ 2 milhões |
| Santo Antônio de Posse (SP) | R$ 7 milhões |
| São Gabriel do Oeste (MS) | R$ 3 milhões |
| São Roque (SP) | R$ 93,15 milhões |
Liquidação do Master expõe investimentos de fundos públicos
Com o anúncio da liquidação, veio à tona a dimensão da exposição de fundos públicos aos títulos do Master — um fator que amplia a pressão por respostas rápidas sobre o futuro desses recursos. Documentos oficiais mostram que mais de R$ 1,8 bilhão está aplicado por institutos de previdência municipais em papéis da instituição.
O maior risco recai sobre o Rioprevidência, que concentra R$ 970 milhões. Também estão fortemente expostos a Amaprev (R$ 400 milhões), o município de Maceió (R$ 97 milhões), além dos fundos de São Roque (R$ 93 milhões) e Cajamar (R$ 87 milhões).
Há ainda posições relevantes em Itaguaí, Amazonprev, Aparecida de Goiânia e diversos municípios do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
O que é liquididação?
Quando o Banco Central decreta a liquidação de um banco, a instituição deixa de operar e sua administração passa para um liquidante nomeado pelo próprio BC. Esse interventor assume o controle total para organizar as contas, avaliar os ativos e iniciar o processo de encerramento das atividades.
Nessa etapa, o banco não pode realizar novas operações e todo o esforço se volta à recuperação de valores para pagamento de credores, seguindo a ordem prevista em lei. A liquidação funciona como um mecanismo de proteção: evita que a situação financeira se deteriore ainda mais e reduz o impacto ao sistema e aos investidores envolvidos.
A operação
A Polícia Federal realizou na última terça-feira (18) novas ações da Operação Compliance Zero, que apura um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos ligados ao Banco Master.
Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão e efetuaram prisões preventivas como parte da ofensiva.
O caso reacende a relação entre o Master e o BRB, que chegou a negociar a compra da instituição em março de 2025 — operação que acabou vetada pelo Banco Central após meses de análise.
Entre os detidos estão o dono do banco, Daniel Vorcaro, o ex-sócio Augusto Lima e o tesoureiro Alberto Félix.
As prisões ocorreram menos de 24 horas após o Master anunciar um acordo de venda para a Fictor e um grupo de investidores internacionais, movimento que agora passa a ser avaliado sob um novo contexto de investigação.