
O saldo total da carteira de crédito deve registrar um avanço de 1% em outubro, enquanto o crescimento acumulado em 12 meses permanece em 10,1%, segundo a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban.
Os dados indicam que a expansão do crédito continua forte, sustentando-se em dois dígitos, embora com sinais de acomodação gradual.
A pesquisa funciona como uma prévia da Nota de Crédito do Banco Central e reúne projeções baseadas em informações consolidadas dos maiores bancos do país. Os números oficiais serão divulgados pelo BC no dia 26 de novembro.
O levantamento mostra que o principal impulso vem da carteira voltada às famílias, que deve crescer 1,3% no mês.
A fatia com recursos livres deve avançar 1,6%, refletindo alta disseminada entre as modalidades — especialmente nas linhas de maior risco, que continuam mais aquecidas. Com isso, a carteira livre de pessoas físicas deve acelerar para 12,6% no acumulado de 12 meses, ante 12,2% em setembro.
Já a carteira direcionada para pessoas físicas tende a subir 0,9% em outubro, beneficiada pelos primeiros reflexos das renegociações no crédito rural. Em 12 meses, essa modalidade deve permanecer estável, com alta de 9,4%.
No crédito para empresas, a expectativa é de crescimento de 0,4% no mês, impulsionado pelo avanço de 2,0% nos recursos direcionados, que continuam favorecidos por programas governamentais.
O resultado deve manter o crescimento anual da carteira direcionada em patamar elevado, atingindo 16,9% ante 17,2% no mês anterior.
Crédito para empresas perde força
A carteira de pessoas jurídicas com recursos livres deve registrar queda de 0,6% em outubro. O recuo reflete a combinação de fatores sazonais nas linhas de desconto de recebíveis, a apreciação do câmbio — que reduz a demanda por linhas externas — e o baixo dinamismo nas operações de capital de giro.
No horizonte de 12 meses, o avanço da carteira Livre PJ deve passar de 4,0% para 3,8%, mantendo-se como o segmento de menor tração no sistema.
“No geral, o resultado da pesquisa mostra que o processo de desaceleração do crédito segue gradual, apesar da política monetária em nível bastante contracionista, com o ritmo de crescimento da carteira total permanecendo em dois dígitos.
O crescimento segue sustentado pelos programas governamentais para as empresas e linhas voltadas ao consumo para as famílias, embora neste caso, com uma piora da qualidade da carteira”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
“Esse quadro sugere alguma cautela com o comportamento da inadimplência, que deve provavelmente seguir em viés de alta nos próximos meses”, complementa o diretor.
Concessões desaceleram na margem
As concessões de crédito devem avançar 2,1% em outubro, mas, quando ajustadas pelo número de dias úteis, o movimento se transforma em uma queda de 2,3%.
O recuo, após o ajuste, decorre sobretudo da forte retração no crédito direcionado, que deve encolher 12,5% no mês — especialmente nas operações para empresas — influenciado por fatores sazonais e por uma base de comparação elevada nos meses anteriores.
Na comparação com outubro de 2024, que neutraliza efeitos sazonais, as concessões totais devem crescer 9,1%, impulsionadas pelo desempenho das linhas com recursos livres, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas.
Ainda assim, no acumulado em 12 meses, o ritmo de expansão das concessões deve continuar perdendo força, passando de 10,8% para 9,9%, em linha com o processo de acomodação gradual observado no mercado de crédito.