
A campanha Gracyovos, estrelada por Gracyanne Barbosa e revelada como ação do Canva, virou combustível para uma discussão maior: a explosão do mercado fitness no Brasil.
O vídeo da influenciadora, que simulava o lançamento de “ovos de luxo”, viralizou em minutos e mostrou como a combinação entre humor, identidade visual marcante e força de comunidades digitais tornou-se uma fórmula poderosa para marcas que disputam atenção e relevância online.
Dessa forma, a estratégia reforça o movimento recente do Canva no País, que vem investindo em campanhas hiperlocalizadas e narrativas que misturam cultura pop, humor e personalidades com grande tração, como Gracyanne e Xuxa.
Sendo assim, em menos de duas horas, a peça já acumulava mais de um milhão de visualizações, com comentários exaltando o “marketing de milhões” e até usuários afirmando que iriam renovar a assinatura do Canva Pro.
Esse tipo de mobilização digital não é um caso isolado: ele explica uma transformação profunda no setor fitness, que hoje mistura comunidade, conteúdo e consumo.
Redes sociais impulsionam o mercado fitness
O mercado fitness vive um dos ciclos de expansão mais intensos de sua história. De acordo com a Allied Market Research, o setor pode alcançar US$ 59 bilhões até 2027, com alta anual acima de 30%. E há um protagonista evidente nessa equação: as redes sociais.
Instagram, TikTok e YouTube se tornaram vitrines onde influenciadores, academias e marcas esportivas moldam tendências, apresentam métodos de treino, vendem estilo de vida e, principalmente, constroem comunidades engajadas.
Segundo o setor, perfis de influenciadores fitness chegam a gerar quatro vezes mais interações do que grandes marcas, uma engrenagem que muda a forma de consumir conteúdo e, sobretudo, de consumir produtos e serviços ligados à saúde, estética e bem-estar.
Academias ganham milhões de novos alunos
O impacto é direto: o Brasil nunca frequentou tanto as academias. Isso porque, dados do relatório Panorama Setorial Fitness Brasil 2024, da EY, mostram que:
- o número de alunos saltou de 10 milhões para 15 milhões em cinco anos;
- o total de academias praticamente dobrou, de 30 mil para 57 mil unidades;
- o faturamento passou de R$ 11,8 bilhões para R$ 17 bilhões, alta de 44%.
Nesse cenário, grandes redes ampliaram seu alcance com força. A Smart Fit superou 2,3 milhões de usuários e continua em expansão acelerada. A BlueFit segue trajetória semelhante. E plataformas como o WellHub, antigo Gympass, devem crescer até 50% em 2025, segundo o CEO Ricardo Guerra.
Influenciadores, Ozempic e novos hábitos alimentam o crescimento
A evolução do setor não se explica apenas pelo apelo estético. O conceito de bem-estar ganhou novo significado na última década, reforçado por:
- aumento da longevidade;
- busca por saúde mental e qualidade de vida;
- influência direta de influenciadores;
- e, mais recentemente, a chegada de medicamentos como Ozempic, Mounjaro e Wegovy.
Esses remédios, originalmente criados para diabetes, expandiram o mercado de emagrecimento e levaram um novo público para as academias. Nos EUA, 6% da população adulta utiliza Ozempic ou similares regularmente, segundo a fundação KFF.
Com a patente do Ozempic caindo no Brasil em 2026, a expectativa é que o consumo exploda e reforce ainda mais o setor.
Investimentos milionários e nichos ganham espaço
Com um mercado aquecido e crescente previsibilidade de receita, investidores nacionais e internacionais avançam sobre o setor. Exemplos incluem:
- Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, que comprou 51% da BlueFit;
- CPPIB e GIC, que possuem participações relevantes na Smart Fit;
- interesse de Neymar na compra da rede Ironberg, com plano potencial de investir R$ 1 bilhão;
- entrada de Rony Meisler (Reserva) na The Simple Gym.
Paralelamente, cresce a estratégia de expansão por nichos: yoga, pilates, spinning, boxe, estúdios boutique. A Smart Fit, por exemplo, adquiriu a Velocity, rede de spinning com 82 unidades.
Em suma, o recado é claro: o mercado fitness está sofisticando sua oferta para públicos específicos, e existe espaço para muito mais.