Foto: Reprodução Pixabay
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O IPCA-15 de novembro avançou 0,20%, acima das projeções da Warren Investimentos (0,13%) e do consenso de mercado compilado pela Bloomberg (0,18%). Apesar do resultado mais forte, a inflação acumulada em 12 meses recuou para 4,50%.

Segundo análise da Warren Investimentos, a aceleração não pode ser atribuída à COP-30, como chegou a ser ventilado no mercado. Para a gestora, o evento climático realizado em Belém teve impacto “muito limitado” na formação dos preços. “Itens relevantes, como hotel, subiram 155%, mas isso gera impacto de apenas 1 ponto-base no IPCA”, avaliou a equipe de estratégia da casa. Além disso, o período de coleta do índice captou apenas três dias do evento.

Transportes voltam a surpreender, com salto de 11,87% nas passagens aéreas

O grupo Transportes foi novamente o principal vetor de pressão. As passagens aéreas dispararam 11,87% no mês, acelerando em relação à alta de 5,5% registrada em outubro. A Warren prevê que esse movimento também aparecerá no IPCA cheio, dada a metodologia do IBGE.

Mesmo em Belém, epicentro da COP-30, a alta de 25,32% nas tarifas aéreas não foi suficiente para alterar de forma significativa o indicador nacional.

A gasolina, por outro lado, contribuiu para aliviar o índice, com deflação de 0,48%, reflexo do reajuste da Petrobras em outubro. Minas Gerais liderou o repasse, com queda de 3,13% no combustível.

Alimentação no domicílio segue em deflação e ajuda a ancorar expectativas

O grupo alimentação no domicílio registrou a 11ª leitura negativa consecutiva, com recuo de 0,15%. O movimento reforça a queda das expectativas inflacionárias para 2025.

Os alimentos in natura voltaram a cair (-0,3%), puxados por frutas (-1,6%), com destaque para banana, limão e maracujá. Cereais também mostraram deflação (-2,08%), influenciados pelo arroz (-3,10%). O feijão-carioca foi exceção, com alta de 2,98%.

A Warren projeta que o grupo encerre 2025 com inflação abaixo de 3%.

Black Friday antecipa descontos e puxa eletrônicos para nova deflação

Aparelhos eletroeletrônicos recuaram 1,03%, em linha com a coleta proprietária da Warren, que já identificava promoções antecipadas da Black Friday. A apreciação do câmbio e a competitividade dos produtos chineses reforçaram o movimento.

Perfumes também registraram queda de 0,10%, como resultado de descontos concentrados no mês.

Serviços mostram leitura mais pesada e elevam atenção do mercado

A leitura de serviços veio pior do que o previsto, com alta de 0,66%, quase o dobro da projeção da Warren, de 0,34%. Entre os destaques, cinemas e recreação subiram 1,48%, enquanto seguros recuaram 1,48%, mantendo alta volatilidade desde a queda intensa registrada em setembro.

Nos serviços subjacentes, o avanço foi de 0,40%. Alimentação fora do domicílio acelerou para 0,68%, em meio à recuperação do consumo de bebidas alcoólicas após a crise do metanol registrada no fim de setembro e início de outubro.

Gráfico Warren Investimentos

Núcleos mostram sinais mistos, com pressão em serviços intensivos em trabalho

A média móvel trimestral dessazonalizada dos núcleos segue dentro da banda da meta, mas com sinais divergentes: serviços subjacentes estão em 4,37%, enquanto industriais recuam para 1,33%.

O ponto de atenção, segundo a Warren, está nos itens inerciais, que devem reacelerar no fim de 2025 e permanecer pressionados no primeiro semestre de 2026. Serviços intensivos em trabalho subiram de 6,47% para 7,28%, refletindo mercado de trabalho aquecido e impulso fiscal.

Projeções permanecem estáveis, mas riscos seguem inclinados para cima

Em síntese, o IPCA-15 de novembro mostrou leitura pior, qualitativamente, do que o antecipado por nós e pelo mercado, com núcleos em +0,28%. Mantemos nossas projeções para o IPCA em 4,2% em 2025 e 4,5% em 2026, com balanço de riscos altista para 2026.
Revisão curto-prazo:
Novembro: 0,18% com revisão baixista em alimentos e altista em serviços
Dezembro: 0,31%