
A tensão entre o governo e o Congresso Nacional se tornou mais evidente na última quinta-feira (27), após parlamentares derrubarem 52 vetos presidenciais à Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Com essa derrota no tema ambiental surge um duro revés político para o Palácio do Planalto e coloca em xeque a capacidade do governo de aprovar sua agenda no Legislativo.
Na Câmara dos Deputados, a votação registrou 295 votos pela derrubada contra 167 pela manutenção dos vetos. No Senado, o placar foi de 52 a 15, a ampla margem de diferença surpreendeu o governo, que até a véspera da votação ainda tentava articular apoio para manter os vetos.
O resultado põe em risco outras pautas prioritárias do Executivo. Matérias sobre segurança pública, tributação, punição a devedores contumazes e o orçamento de 2026 agora enfrentam um ambiente de maior incerteza no Congresso.
Disputa por vaga no STF alimenta tensão
A crise política tem como pano de fundo a disputa pela indicação de um ministro ao Supremo Tribunal Federal (STF). Essa pauta depende de uma conversa entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o governo Lula.
O petista se motiva pela escolha de Jorge Messias para o STF, contrariando a preferência de Alcolumbre pelo ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, defendeu que é necessária uma conversa entre Lula e Alcolumbre para que cheguem a um entendimento. “Os dois presidentes sabem se comunicar, os dois presidentes têm a interlocução direta. Não precisa de intermediário na conversa”, afirmou.
A bancada do agronegócio e frentes do setor produtivo foram determinantes para a derrubada dos vetos. Os parlamentares argumentam que as mudanças na legislação ambiental são necessárias para eliminar obras de infraestrutura e impulsionar o desenvolvimento econômico do país.