
As negociações do Tesouro Direto foram suspensas na tarde desta sexta-feira (5) devido à forte volatilidade nos mercados locais. O mecanismo, acionado pelo Tesouro Nacional em momentos de oscilação abrupta, busca evitar distorções nos preços oferecidos aos investidores.
O estresse ganhou força após reportagem do portal “Metrópoles” afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria sinalizado apoio ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para a disputa presidencial de 2026. A notícia elevou a incerteza política e mudou a direção dos juros, que operavam em queda ao longo da manhã.
Juros viram e disparam com ruído eleitoral
Mais cedo, o mercado reagia ao IGP-DI estável em novembro, dado que reforçou apostas de corte de juros na reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom). Entretanto, o ambiente mudou rapidamente após o aumento do risco político.
Antes da interrupção, os prefixados registravam avanço significativo: o título com vencimento em 2028 subiu de 12,71% para 12,89% ao ano por volta das 13h30 (de Brasília). No papel para 2032, a taxa passou de 13,13% para 13,46%. Já o título com juros semestrais para 2035 avançou de 13,21% para 13,59%.
Entre os papéis indexados à inflação, o IPCA+ 2029 subiu na parcela prefixada de 7,64% para 7,77%, enquanto o IPCA+ 2040 saltou de 6,82% para 7,02%. O título com juros semestrais de 2035 avançou de 7,15% para 7,31%. O papel mais longo, com vencimento em 2050, também ganhou tração: 6,80% ante 6,74% na mínima do dia.
A forte oscilação ocorreu em meio a um movimento de aversão a risco nos ativos domésticos. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, deixou a máxima histórica de 165 mil pontos e recuou mais de quatro mil pontos após a notícia sobre os Bolsonaro. O dólar saltou 2% e voltou ao patamar de R$ 5,40.
No fim da tarde, o mercado aguardava a normalização das negociações do Tesouro Direto e monitorava novos desdobramentos do cenário político.