Ibovespa fecha em queda aos 4,31% e 157.369,36 pontos

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta sexta-feira (5) com queda de 4,31% aos 157.369,36 pontos. O dólar comercial fecha com alta de 2,28%, a R$ 5,43.

O índice deixou para trás o recorde histórico dos 165 mil pontos para mergulhar na casa dos 159 mil, em movimento que afastou o Brasil do restante do mundo, onde as bolsas seguiam em alta/moderada.

A virada brusca tem relação direta com a notícia de que Jair Bolsonaro decidiu apoiar seu filho, Flávio Bolsonaro, como candidato à Presidência em 2026. O anúncio pegou o mercado de surpresa e provocou forte aversão ao risco em ativos brasileiros.

Mercado reage a incerteza política

“O mercado não esperava esse movimento e reagiu de forma imediata, praticamente descolando o Brasil do restante do mundo”, avalia Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital.

A consequência prática, segundo o economista, é uma piora na percepção de governabilidade futura e, sobretudo, na capacidade de construção de um programa de ajuste fiscal a partir de 2027.

“O mercado não apenas desaprovou a notícia, como a tratou como um sinal de fragilidade institucional antecipada e o resultado foi um movimento intenso de venda em praticamente todos os ativos brasileiros”, completa.

Cenário era positivo antes do choque

Antes do choque político, o Ibovespa vinha subindo de maneira consistente, refletindo ventos favoráveis no Brasil e no exterior. 

No lado internacional, os dados de inflação medidos pelo PCE, somados ao sentimento do consumidor americano, reforçaram a percepção de que o Federal Reserve está confortável para cortar juros já na próxima semana.

No front doméstico, a desaceleração do PIB do terceiro trimestre ampliou a expectativa de que o ciclo de queda da Selic pode começar mais cedo do que se imaginava, enquanto o IGP-DI abaixo do piso das estimativas ajudou a reduzir prêmios de inflação.

“Esse conjunto, somado ao bom humor de setores como petróleo, papéis de bancos e empresas ligadas a commodities, criou um ambiente propício para que o índice renovasse sucessivamente suas máximas”, comenta Christian.

Dólar dispara com busca por proteção

O dólar também teve duas etapas, pela manhã, a moeda americana recuava e chegou a testar R$5,30, refletindo tanto a tendência global de enfraquecimento do dólar diante da expectativa de corte pelo Fed, quanto o cenário positivo com dados locais.

“Refletindo a busca por proteção e encaminhando o dia para o fechamento mais alto desde o mês de outubro”. Comenta Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, operou com mais um dia com queda de 0,02%, aos 99,01  pontos.

As principais bolsas de Wall Street terminaram o dia no verde, em movimento contrário ao mercado brasileiro. Os índices S&P 500 e Nasdaq avançaram 0,19% e 0,31%, respectivamente. Dow Jones subiu 0,22%.

Maiores altas e maiores quedas

As maiores altas do Ibovespa foram concentradas em poucos papéis resilientes. Suzano (SUZB3) e Weg (WEGE3) foram beneficiadas por otimismo inicial com dados econômicos dos EUA e alta no petróleo (+1%).

As quedas generalizadas foram puxadas pela notícia política, os destaques negativos incluíram papéis sensíveis a juros como Yduqs (YDUQ3), Magazine Luiza (MGLU3) e Azza (AZZA3).