Fraudes com deepfakes crescem 126% no Brasil em 2025

O Brasil registrou alta de 126% nas fraudes com deepfakes e identidades sintéticas em 2025. Os dados fazem parte do Identity Fraud Report 2025–2026, da Sumsub, empresa global de verificação de identidade.

Além disso, o país respondeu por quase 39% de todos os deepfakes detectados na América Latina. Esse avanço ocorreu mesmo com uma queda de 10% na taxa geral de fraudes de identidade no período.

O relatório analisou milhões de verificações e mais de 4 milhões de tentativas de fraude entre 2024 e 2025. Os dados indicam uma mudança clara no padrão dos golpes.

Em vez de volume, os criminosos passaram a priorizar sofisticação. Globalmente, a participação de ataques complexos saltou 180%, passando de 10% em 2024 para 28% em 2025.

Além disso, a Sumsub combinou dados da plataforma com uma pesquisa. O estudo ouviu mais de 300 profissionais de risco e 1.200 usuários, mapeando tendências e setores mais expostos.

IA acelera e redefine as fraudes

A digitalização dos golpes avançou rapidamente. Em 2025, um em cada 50 documentos falsos já utilizava inteligência artificial, com ferramentas como ChatGPT, Grok e Gemini.

Além disso, a Sumsub projeta que, em 2026, agentes de fraude baseados em IA executarão golpes completos. Esses sistemas poderão criar identidades falsas e interagir com processos de verificação em tempo real.

Os ataques mais avançados agora combinam deepfakes, identidades sintéticas e manipulação de telemetria. Nesse modelo, o fraudador não falsifica documentos. Em vez disso, ele altera dados de dispositivos, câmeras e chamadas de API.

“A IA está transformando a verificação de identidade dos dois lados: fortalece os fraudadores, mas também amplia a visibilidade dos defensores”, afirma Pavel Goldman-Kalaydin, head de AI/ML da Sumsub.

América Latina vira epicentro dos golpes

A América Latina segue entre as regiões mais afetadas. Entre 2024 e 2025, a taxa de fraudes cresceu 13,3%.

Além disso, 86% dos entrevistados afirmam que os golpes se tornaram mais sofisticados e cada vez mais impulsionados por IA.

Em países como Guatemala, México, Panamá e Suriname, os deepfakes cresceram entre 400% e 500%, segundo o levantamento.

Empresas e usuários sentem o impacto

O avanço das fraudes afeta empresas e consumidores. Em 2025, 43% das empresas da região sofreram algum tipo de golpe. Dessas, 100% foram alvo de phishing.

Entre os usuários, 68% relataram ter sido vítimas de fraude. Além disso, 63% tiveram contas em redes sociais invadidas. Outros 31% receberam propostas para atuar como “mulas de dinheiro”.

“A América Latina entra em uma nova era de sofisticação da fraude. Por isso, as organizações precisam adotar estratégias adaptativas baseadas em IA”, afirma Georgia Sanches, líder de negócios da Sumsub no Brasil.

O relatório também identifica um paradoxo. Na América Latina, 71% das empresas adotam modelos híbridos de prevenção, combinando equipes internas e fornecedores externos.

No entanto, os mesmos 71% ainda dependem de processos manuais. Como resultado, a detecção e a resposta aos ataques atrasam.

Além disso, apenas 43% das empresas afetadas relataram fraudes às autoridades, o que indica forte subnotificação.

Apesar do avanço das regras de AML e KYC em países como Brasil, Argentina e México, a região segue entre os ecossistemas de fraude mais dinâmicos do mundo.

A intensidade das operações criminosas continua elevada. Por isso, o risco estrutural permanece no radar das empresas.

Panorama global das fraudes

No cenário global, 40% das empresas e 52% dos usuários finais sofreram fraude em 2025. A taxa global caiu levemente para 2,2%. Ainda assim, a complexidade dos ataques cresceu de forma expressiva.

Entre as fraudes diretas, lideram:

  • Identidade sintética (21%)
  • Abuso de estornos (16%)

Já nas fraudes indiretas, os destaques foram:

  • Roubo de identidade (28%)
  • Invasão de contas (19%)

Os setores mais afetados incluem:

  • Mídia online e apps de relacionamento (6,3%)
  • Serviços financeiros (2,7%)
  • Cripto (2,2%)
  • Serviços profissionais (1,6%)

Defesas ganham complexidade em 2026

Para 2026, o relatório projeta maior polarização. Enquanto alguns países enfrentarão mais incidentes, outros lidarão com menos ataques, porém mais complexos e danosos.

Deepfakes e identidades sintéticas deixaram de ser ferramentas isoladas. Agora, formam o núcleo das fraudes modernas, combinando manipulação facial, vocal e comportamental.

Por isso, as defesas corporativas exigirão estratégias adaptativas, com uso de IA, biometria comportamental, verificação em múltiplas camadas, monitoramento contínuo e compartilhamento de inteligência.