Greve na Petrobras expõe impasse no ACT e pressiona estatal; entenda
Foto: Reprodução Agência Petrobras/Marcos Peron

A greve Petrobras teve início nesta segunda-feira, após semanas de negociações sem acordo entre a companhia e os representantes dos trabalhadores.

A paralisação foi aprovada em assembleias da categoria depois da rejeição da segunda contraproposta apresentada pela estatal para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e ocorre com duração inicial de 24 horas, mas por tempo indeterminado.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o movimento reflete a insatisfação generalizada com a falta de avanços em temas considerados essenciais para empregados da ativa, aposentados e pensionistas do sistema Petrobras.

Greve na Petrobras tem Petros e ACT como pontos centrais

De acordo com a FUP, a proposta da empresa não contemplou três eixos fundamentais da negociação.

O principal deles é a busca por uma solução definitiva para os déficits da Petros, especialmente os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs), que seguem impactando a renda de aposentados e pensionistas.

Além disso, os petroleiros reivindicam melhorias no plano de cargos e salários, com proteção contra mecanismos de ajuste fiscal, e defendem um modelo de negócios voltado ao fortalecimento da Petrobras no longo prazo.

Em nota, a federação afirmou que a greve Petrobras é uma resposta à falta de diálogo efetivo. Além disso, os atos tem como objetivo garantir “respeito, dignidade e uma distribuição mais justa da riqueza gerada pela companhia”.

Refinarias e plataformas aderem à greve Petrobras

A mobilização começou ainda na madrugada, com a entrega das operações de plataformas no Espírito Santo e no Norte Fluminense às equipes de contingência. Também houve adesão integral no Terminal Aquaviário de Coari, no Amazonas, segundo os sindicatos.

Ao longo da manhã, trabalhadores de ao menos seis refinarias passaram a integrar a greve Petrobras. As regiões são: Regap (MG), Reduc (RJ), Replan (SP), Recap (SP), Revap (SP) e Repar (PR). Em todos os casos, a paralisação ocorreu sem troca de turno.

Aposentados reforçam greve Petrobras com vigília no Rio

Antes mesmo do início da paralisação, aposentados e pensionistas retomaram, na quinta-feira anterior, uma vigília em frente ao Edifício Senado, sede da Petrobras no Rio de Janeiro.

O protesto busca pressionar por uma saída estrutural para os déficits da Petros, tema que ganhou protagonismo na greve Petrobras.

As mobilizações ocorrem paralelamente a reuniões em Brasília entre representantes dos trabalhadores, do governo e da Comissão Quadripartite. Eles são responsáveis por discutir alternativas para o fundo de pensão.

Dividendos ampliam tensão na greve Petrobras

Para a FUP, o impasse se agrava diante do volume de recursos distribuídos aos acionistas. Segundo o sindicato, a Petrobras pagou R$ 37,3 bilhões em dividendos apenas nos primeiros nove meses do ano.

Ao mesmo tempo, a federação afirma que a empresa ofereceu um ganho real de 0,5% no ACT, além de manter diferenciações entre trabalhadores da holding e das subsidiárias. Esse contraste, segundo os sindicatos, ajuda a explicar a força e a abrangência da greve Petrobras.