
O consórcio segue como uma das principais alternativas dos brasileiros para a compra de bens de alto valor, especialmente em um cenário de juros elevados. Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) mostram que o sistema registrou alta de 15,7% nas vendas em 2025, alcançando 4,34 milhões de cotas comercializadas até outubro e um volume de vendas de 4,18 milhões.
Os segmentos de imóveis e automóveis lideraram o crescimento, impulsionados pelo encarecimento do financiamento tradicional. Nesse contexto, especialistas apontam que iniciar o planejamento financeiro com antecedência pode reduzir custos e ampliar o poder de compra em 2026.
Planejamento antecipado reduz impacto no orçamento
Para quem pretende adquirir um carro ou imóvel no próximo ano, começar o planejamento ainda no início do ano pode fazer diferença no valor da carta de crédito, no prazo do consórcio e no peso das parcelas no orçamento mensal.
De acordo com Luiz Antonio Sacco, CEO do Mycon, fintech de consórcios 100% digital, o consórcio se tornou uma ferramenta relevante de organização financeira.
“O consórcio ganhou espaço como alternativa ao financiamento justamente por não ter juros. Quando a pessoa planeja com antecedência, ela consegue pagar menos, controlar melhor o orçamento e escolher o crédito mais adequado ao seu objetivo”, afirma.
Antes de qualquer decisão, Sacco recomenda que o consumidor faça um diagnóstico completo das finanças pessoais, listando receitas e despesas fixas e variáveis. “Conhecer o custo de vida é essencial para equilibrar as contas e estruturar qualquer planejamento financeiro”, diz.
5 pontos para usar o consórcio de forma eficiente em 2026
1. Parcela compatível com a renda
O primeiro passo é definir um valor de parcela que não comprometa as despesas essenciais. O consórcio exige disciplina, e o ideal é que a prestação não ultrapasse 30% da renda familiar, considerando possíveis reajustes ao longo do contrato.
2. Crédito alinhado ao objetivo
A carta de crédito permite negociar a compra à vista, o que aumenta o poder de barganha. Por isso, é fundamental definir se o consórcio será usado para moradia, troca de veículo, reforma ou investimento. Como o crédito é corrigido ao longo do tempo, escolher o valor correto desde o início evita surpresas.
3. Atenção às taxas cobradas
Embora não tenha juros, o consórcio envolve taxas administrativas, que variam conforme a administradora. Modelos digitais tendem a ter custos menores.
Em uma simulação do Mycon, um consórcio imobiliário de R$ 300 mil, com prazo de 216 meses e taxa total de 13,99%, resulta em um custo final de R$ 341.970. Por outro lado, no financiamento tradicional, com taxa anual de 13,98%, o desembolso chega a R$ 585.504, uma diferença de R$ 243.534, ou 42% a mais.
4. Uso estratégico dos lances
Os lances permitem antecipar a contemplação. O consorciado pode usar recursos próprios, valores obtidos com a venda de um bem ou até o FGTS, no caso de imóveis.
Além disso, outra alternativa é o lance embutido, que utiliza parte da própria carta de crédito, reduzindo o desembolso inicial.
5. Visão de longo prazo
Sendo assim, mais do que uma forma de compra, o consórcio pode funcionar como instrumento de educação financeira. Ele estimula organização, disciplina e formação de patrimônio, além de evitar o endividamento com juros elevados.
Alternativa ganha força com crédito caro
Com o custo do crédito elevado e consumidores mais atentos ao impacto financeiro das decisões de longo prazo, o consórcio se consolida como uma opção relevante para quem pretende comprar imóveis ou veículos em 2026.
“Planejamento e disciplina fazem toda a diferença. O consórcio permite conquistar bens com mais previsibilidade e menos custo financeiro”, conclui Sacco.