Enel / Divulgação
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O governo federal deve dar início a um movimento inédito contra a Enel em São Paulo. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta terça-feira que a distribuidora italiana perdeu condições de continuar operando no Estado e que será solicitado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o início de um processo de caducidade da concessão.

A declaração foi feita após uma reunião entre Silveira, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), convocada para discutir os impactos do apagão que atingiu a região metropolitana na semana passada.

Apagão em São Paulo acelera reação do governo

Segundo o ministro, a atuação da Enel durante a crise causada pela passagem de um ciclone extratropical foi determinante para a decisão.

O fenômeno deixou milhões de consumidores sem energia elétrica, evidenciando fragilidades na prestação do serviço.

Silveira afirmou que a empresa perdeu condições de seguir operando não apenas do ponto de vista técnico, mas também reputacional, ao comentar a resposta da concessionária ao episódio.

Caducidade da concessão da Enel entra no radar

A caducidade de concessão é o instrumento mais severo previsto no marco regulatório do setor elétrico e pode levar à retirada do direito de exploração do serviço.

Caso o processo avance, caberá à Aneel conduzir as análises técnicas e garantir o contraditório.

Procurada, a Aneel informou que não irá se manifestar sobre as declarações do ministro neste momento.

Resposta da Enel ao mercado

Em comunicado divulgado ao mercado, a Enel afirmou que não foi formalmente notificada sobre qualquer ato administrativo ou abertura de procedimento relacionado à concessão em São Paulo.

Segundo a companhia, até agora não houve comunicação oficial por parte da Aneel a respeito das falas do ministro.

Crise expõe tensão entre governo e concessionária

O episódio aprofunda a tensão entre o poder público e a distribuidora italiana, que já vinha sendo alvo de críticas recorrentes por falhas no fornecimento de energia e demora no restabelecimento do serviço em situações climáticas adversas.

A eventual abertura do processo de caducidade pode marcar um ponto de inflexão na relação entre o governo federal e a Enel, além de reacender o debate sobre qualidade do serviço, fiscalização e responsabilidade das concessionárias de energia no Brasil.