O deputado federal Eduardo Bolsonaro -Joshua Roberts/Reuters)
O deputado federal Eduardo Bolsonaro -Joshua Roberts/Reuters)

O agora ex-deputado federal  Eduardo Bolsonaro (PL) sugeriu nesta sexta-feira (19), em transmissão ao vivo no YouTube, a substituição de Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

“Estou inclusive para perguntar aqui aos estudiosos, aos regimentalistas da Casa, se é possível a troca desse deputado, já que ele está ocupando uma cadeira que foi indicação do PL dentro da Mesa”, declarou o ex-parlamentar, sem citar o nome de Rodrigues diretamente.

Antonio Carlos Rodrigues foi o único deputado do Partido Liberal a assinar as decisões da Mesa Diretora que cassaram os mandatos de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem (PL-RJ) nesta quinta-feira (18).

O documento contou também com assinatura do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) e de mais seis integrantes da Mesa. Porém, três membros aliados ao bolsonarismo não participaram do ato.

Além disso, a presença de Rodrigues no processo reacende tensões internas. Em julho, ele elogiou o ministro  Alexandre de Moraes, do STF, e criticou a aplicação da Lei Magnitsky contra o magistrado. Na ocasião, também direcionou críticas ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O PL chegou a anunciar a expulsão do deputado após as declarações. Entretanto, a sigla recuou e manteve Rodrigues no partido.

Contexto da cassação e reação pública

Autoexilado nos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo Bolsonaro acumulou 59 ausências não justificadas em sessões deliberativas do plenário. A Constituição limita faltas e prevê cassação para quem faltar a mais de um terço das sessões. O período de licença terminou em 20 de julho. Portanto, todas as ausências posteriores passaram a contar para efeito de cassação.

Após a decisão, Eduardo disse em live que “valeu a pena” permanecer nos EUA. Segundo ele, a cassação representa “uma medalha de honra” e não o fim de sua trajetória política.

Agora, a permanência de Antonio Carlos Rodrigues na Mesa Diretora deve abrir novo foco de atrito no PL. O partido precisa decidir se mantém o deputado no colegiado ou se tenta substituí-lo para recompor sua articulação interna.