
As ações da Alpargatas registraram forte queda nesta segunda-feira (22). Ao longo do pregão, os papéis chegaram a recuar 3,07%, em meio à repercussão de uma campanha de boicote à marca Havaianas.
Durante a mínima do dia, as ações preferenciais ALPA4 foram negociadas a R$ 11,36. Já os papéis ordinários ALPA3 caíram 2,59%, cotados a R$ 9,98.
Como resultado, a empresa perdeu cerca de R$ 200 milhões em valor de mercado. Atualmente, a Alpargatas é avaliada em aproximadamente R$ 7,3 bilhões na B3.
Campanha publicitária acendeu reação do mercado
A pressão sobre as ações começou após a repercussão negativa de uma campanha de fim de ano estrelada pela atriz Fernanda Torres. No vídeo, ela sugere que as pessoas não iniciem 2026 “com o pé direito”, mas sim “com os dois pés”.
Embora a peça tenha focado em ação e protagonismo, parte do público interpretou o conteúdo como provocação política. Assim, o debate se espalhou rapidamente pelas redes sociais.
Diante da reação, a própria Alpargatas retirou o vídeo de seus perfis oficiais. No mercado, investidores interpretaram a decisão como um sinal de que a campanha gerou desgaste à marca.
Boicote ganha força entre políticos
Na sequência, o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro aderiu ao boicote. Em vídeo publicado no domingo (21), ele aparece jogando um par de Havaianas no lixo e critica o tom da publicidade.
“Eu achava que isso era um símbolo nacional, mas me enganei”, afirmou. Além disso, chamou Fernanda Torres de “declaradamente de esquerda”.
Depois disso, outros parlamentares do PL entraram no movimento. Bia Kicis (PL-DF) e Capitão Alberto Neto (PL-AM) publicaram vídeos semelhantes. Já Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou o slogan da marca nas redes sociais.
Contexto recente e leitura do mercado
Apesar da queda pontual, o movimento ocorre após um ciclo de forte valorização. Nos últimos 12 meses, as ações da Alpargatas acumulam alta de 84%.
Em janeiro de 2024, os papéis eram negociados a R$ 6,18. Mesmo com o recuo recente, o preço segue próximo do dobro daquele patamar.
Para analistas, o episódio explica a volatilidade de curto prazo, mas não muda os fundamentos da companhia. Segundo Caroline Sanchez, analista da Levante Corp, o mercado mostra maior sensibilidade ao risco político e eleitoral.
Além disso, a liquidez reduzida típica de semanas encurtadas amplia o impacto de ruídos. “Boicotes pontuais costumam gerar mais barulho do que efeito real em vendas”, afirma.
Segundo a analista, o público consumidor das Havaianas é amplo e pouco dependente de engajamento político. Por isso, até o momento, não há sinais de impacto relevante no consumo.