
Quase metade das empresas não financeiras brasileiras (49,2%) tem percepção negativa sobre a situação econômica atual do país, segundo dados da pesquisa Firmus divulgada pelo Banco Central neste domingo (22). O levantamento, realizado entre 10 e 28 de novembro, ouviu companhias de diferentes setores sobre suas expectativas e avaliações econômicas.
Do total de empresas com visão pessimista, 35% classificam o sentimento como “discretamente negativo”, enquanto 14,2% veem a situação de forma “fortemente negativa”.
Melhora em relação ao trimestre anterior
Apesar do elevado percentual de pessimismo, houve avanço na percepção das empresas em comparação com o terceiro trimestre do ano. Na edição anterior da pesquisa, o total de companhias com visão negativa era de 63%, sendo 47,8% com sentimento discretamente negativo e 15,2% fortemente negativo.
A melhora foi acompanhada por aumento na proporção de empresas com visão positiva. As que afirmaram ter sentimento “discretamente positivo” saltaram de 15,2% para 22,5%. Já as com percepção “fortemente positiva” permaneceram estáveis em 0,4%.
O percentual de empresas com sentimento neutro também cresceu, passando de 21,4% no terceiro trimestre para 27,9% no quarto trimestre.
Análise do Banco Central
“A percepção sobre a situação econômica atual apresentou melhora em relação às três rodadas anteriores, mas continua em patamar negativo”, afirmou o BC no relatório da pesquisa.
A autarquia destaca que, embora os números mostrem avanço, ainda há predominância de visão pessimista entre as companhias brasileiras sobre o momento econômico do país.
Crédito e expectativas
No quesito oferta de crédito, a maioria dos respondentes (67,1%) indicou que a situação permaneceu inalterada em relação ao trimestre anterior. No entanto, o índice agregado apresentou elevação moderada, refletindo aumento na proporção de empresas que identificou melhora no acesso ao crédito.
O otimismo quanto ao desempenho relativo do setor de atuação das empresas permaneceu praticamente estável em comparação ao terceiro trimestre.
Custos e preços
As expectativas quanto aos custos operacionais apresentaram comportamentos distintos. Para mão de obra, houve estabilidade, com o índice agregado mantido em 4,8%. Já para insumos, o índice diminuiu pelo terceiro trimestre consecutivo, chegando a 4,3%.
Por outro lado, aumentou significativamente a parcela de empresas que planeja reajustar preços acima da inflação nos próximos meses. O percentual subiu para 39,6%, após três trimestres consecutivos de queda. O movimento sugere que as companhias pretendem recompor margens pressionadas por custos anteriores.
A pesquisa foi realizada em período de incertezas para a economia brasileira, marcado por alta da taxa Selic, pressão inflacionária e volatilidade cambial. O dólar encerrou novembro cotado próximo aos R$ 5,80, enquanto o Banco Central sinalizava necessidade de manter juros elevados por mais tempo.