
A inadimplência das famílias brasileiras já preocupa setores da economia e tende a ganhar força no fim do ano. O consumo cresce, porém o planejamento nem sempre acompanha.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, 30,5% das famílias endividadas estão com contas em atraso. Além disso, 13,2% afirmam não ter condições de pagar as dívidas.
Esse é o maior percentual da série histórica. Ainda assim, o consumo segue aquecido, impulsionado pela Black Friday, Natal e Réveillon. Para Fabrício Tonegutti, especialista em direito tributário pela FGV e diretor da Mix Fiscal, o período exige atenção redobrada. Sem controle, o risco de inadimplência aumenta logo no início do próximo ano.
“É uma época de crédito fácil, marketing agressivo e forte pressão emocional para presentear”, afirma. Segundo ele, 49% dos consumidores usarão o cartão de crédito, e 77% dessas compras serão parceladas. Na prática, isso significa que grande parte do Natal de 2025 será paga ao longo de 2026. Assim, o alívio imediato pode se transformar em dívida prolongada.
Outro ponto de atenção é o parcelamento excessivo. Muitas pessoas deixam de somar os compromissos futuros, o que compromete o orçamento mensal. Embora novembro e dezembro movimentem a economia e gerem cerca de 100 mil empregos temporários no varejo, o consumo sem planejamento amplia o risco de inadimplência.
“O fim do ano acelera a economia, mas também testa o bolso das famílias”, diz Tonegutti. Para ele, emoção e consumo caminham juntos nesse período.
Por fim, o especialista reforça que celebrar não precisa significar endividar-se. “O melhor presente é começar janeiro sem dor de cabeça. Consciência hoje evita inadimplência amanhã”, conclui.
Inadimplência das famílias bate o terceiro recorde consecutivo
O número de famílias brasileiras endividadas subiu pelo terceiro mês seguido em outubro, chegando a 79,5%. O aumento de famílias que atrasaram as parcelas também aumentou, alcançando dos 30,5%. Dados foram divulgados pelo CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
O percentual de famílias que dizem não ter condições de pagar as dívidas em atraso também aumentou, a 13,2%, renovando a maior taxa da série histórica.
“O avanço no endividamento, na inadimplência e na percepção de insuficiência financeira simultaneamente e pelo terceiro mês seguido é um alerta para a necessidade de ajustes, principalmente na área fiscal, para que os resultados de 2025 não se repitam ou se agravem ainda mais em 2026”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.