(Divulgação/Braskem)
(Divulgação/Braskem)

Após anos travada por dívidas bilionárias e impasses societários, a  Braskem (BRKM5) finalmente destravou seu futuro. A IG4 Capital assumiu a posição da Novonor (ex-Odebrecht) como controladora. Além disso, os bancos credores aceitaram derivativos e fecharam um novo acordo com a Petrobras.

A virada financeira da brasken

O EBITDA recorrente da Brasken avançou para R$ 818 milhões no 3T25. Isso representa alta de 91% frente ao 2T25. Assim, o mercado acredita em um novo ciclo positivo para o setor.

Com a IG4 à frente, os bancos na retaguarda e a Petrobras no tabuleiro, a Brasken pode ter destravado seu futuro. Porém, só o tempo dirá quem realmente assume a direção.

Nova estrutura de poder

Com a transação aprovada, a IG4 passará a deter 50,1% das ações votantes. Além disso, controlará cerca de 34% do capital total, dividindo o controle com a Petrobras.

Entretanto, um novo acordo de acionistas será negociado após o aval do CADE. Este é o próximo obstáculo para que a troca de controle seja efetivada. Consequentemente, os planos de reestruturação avançam.

Antes disso, várias tentativas falharam. A Novonor já negociou com Unipar, Apollo e a petrolífera de Abu Dhabi. Inclusive, Nelson Tanure chegou a ter aval do CADE.

Contudo, a Petrobras alegou não ter sido notificada. Dessa forma, barrou a transação com base nos direitos de preferência e tag-along do acordo de acionistas.

A situação era ainda mais delicada com os passivos de Maceió. A partir de 2018, os afundamentos causados pela mineração de sal-gema afetaram 5 bairros. Isso gerou R$ 4,2 bilhões em reparações só no programa de compensação financeira.

Apesar de 99% já pagos, investidores temem herdar novas cobranças. Com isso, os bancos tiram do balanço a exposição direta a um crédito problemático. No entanto, preservam a chance de capturar parte dos ganhos futuros.

A Novonor, por sua vez, deve ficar com apenas 4% da Brasken. Consequentemente, sai formalmente da governança após mais de duas décadas como controladora.

IG4 capital assume o comando

A candidata até então é a IG4 Capital. A gestora comprou os créditos dos bancos por meio de um FIDC. Em troca, as ações da Brasken serão transferidas para um fundo de participações (FIP) sob seu comando.

Para fechar a conta, os bancos aceitaram derivativos atrelados à valorização futura da Brasken. Dessa forma, apostam em um possível turnaround.

Enquanto ainda negocia a documentação definitiva e aguarda as etapas regulatórias, a IG4 sinaliza que manterá a gestão atual. Ao mesmo tempo, conduz trabalhos preparatórios para um plano de turnaround de médio prazo.

O acordo prevê exclusividade de 60 dias. Mesmo com o acerto entre as partes, a conclusão depende de várias etapas ainda em andamento.

Além disso, a Novonor precisava levantar caixa. Em recuperação judicial, tinha cerca de R$ 20 bilhões em empréstimos garantidos por ações da Brasken.

Estes envolviam  Itaú (ITUB4) ,  Bradesco (BBDC4) ,  Santander (SANB11),  Banco do Brasil (BBAS3)e BNDES. Sem conseguir vender sua fatia, o grupo perdeu força. Finalmente, aceitou a transferência do controle.

Brasken: líder em resinas termoplásticas

Fundada em 2002 da integração de seis petroquímicas, a Brasken tornou-se líder em resinas termoplásticas nas Américas. Posteriormente, expandiu operações para EUA, México e Alemanha.

Com receita líquida de R$ 77,4 bilhões em 2024, é a maior petroquímica da América Latina. Mas seu controle estava preso num arranjo societário.

Até agora, a estrutura dava à Novonor (ex-Odebrecht) 50,1% das ações com direito a voto. Enquanto isso, à Petrobras cabia 47%. Pelo acordo de acionistas, decisões relevantes exigiam consenso.

Além disso, a Petrobras tinha direito de preferência. Na prática, isso virava poder de veto e travava qualquer negociação importante.