Michelle Bolsonaro e André Costa — Foto: Isac Nóbrega/Agência O Globo/ reprodução
Michelle Bolsonaro e André Costa — Foto: Isac Nóbrega/Agência O Globo/ reprodução

O assessor de Michelle Bolsonaro detonou a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência. André Costa chamou a aposta de “ridícula” em mensagens privadas. Além disso, compartilhou pesquisas desfavoráveis e críticas do pastor Silas Malafaia.

Com isso, uma suposta racha no interno no bolsonarismo pode estar acontecendo. Consequentemente, Michelle perde espaço para os filhos de Bolsonaro na disputa pelo comando do projeto 2026.

O coronel da PM André Costa causou mal-estar interno no PL. Assessor de comunicação de Michelle Bolsonaro, ele atacou diretamente Flávio em mensagens. “Ridícula essa matéria”, escreveu sobre notícia da pré-candidatura.

Além disso, questionou a legitimidade da escolha do senador. “Pergunte se alguém ouviu a voz de Bolsonaro. Pergunte se alguém leu uma carta de Bolsonaro”, desafiou.

Michelle não se pronunciou

O assessor foi enfático ao defender Michelle do noticiário. “Michelle não fala com a imprensa para dar esse tipo de informação”, afirmou Costa. Portanto, insinuou que a ex-primeira-dama não referendou a escolha de Flávio.

A informação foi revelada pelo Metrópoles e confirmada pelo GLOBO. Consequentemente, os prints circularam entre aliados e geraram crise interna.

No início de dezembro, André Costa republicou conteúdo explosivo. Compartilhou matéria do Metrópoles com pesquisa Quaest devastadora para Flávio. Segundo o levantamento, 62% dos entrevistados não votariam no senador.

Além disso, o dado é ainda mais grave: mesmo com apoio de Bolsonaro, a rejeição permanece massiva. Portanto, a viabilidade eleitoral de Flávio é altamente questionável.

O assessor também compartilhou críticas diretas do pastor Silas Malafaia. O líder religioso defendeu publicamente o recuo de Flávio. Além disso, propôs que Tarcísio de Freitas assumisse a candidatura presidencial.

“A direita quer vencer ou perder para Lula?”, questionou Malafaia em entrevista ao Metrópoles. Portanto, o pastor ataca abertamente a escolha do filho de Bolsonaro.

Questionado pelo Metrópoles, André Costa negou oposição à candidatura de Flávio. “Minha posição é a mesma do partido. Estou fechado com ele”, declarou.

Entretanto, a justificativa para os posts não convenceu ninguém. O assessor alegou que compartilha conteúdo sem prestar atenção. “Nem me lembro desses posts aos quais você se refere”, afirmou.

“Não presto atenção no conteúdo”

A explicação de Costa foi considerada fraca por aliados de Flávio. “Tenho por costume curtir e repostar todas as postagens para ajudar no engajamento”, justificou.

Além disso, completou: “Muitas vezes nem presto atenção no conteúdo”. Portanto, o assessor tenta minimizar o estrago causado. Entretanto, ninguém comprou a desculpa.

A ascensão de Flávio deslocou o eixo de poder no bolsonarismo. Antes do anúncio, Michelle vivia seu momento de maior influência política. Portanto, exercia poder real sobre decisões estratégicas do partido.

A ex-primeira-dama chegou a contrariar posições dos filhos de Bolsonaro. No Ceará, articulou retirada do apoio do PL a Ciro Gomes. Além disso, demonstrou força política própria independente da família.

Afastamentos após indicação de Flávio

Após o anúncio da pré-candidatura de Flávio, Michelle desapareceu do cenário. Afastou-se do comando do PL Mulher. Além disso, reduziu drasticamente a exposição pública.

O PL Mulher divulgou comunicado sobre o afastamento temporário. “Michelle já vinha lidando com alterações em sua saúde”, informou a nota oficial. Entretanto, nos bastidores, a leitura é política.

As postagens de André Costa revelam resistência real à candidatura de Flávio. O assessor é homem de confiança de Michelle há anos. Além disso, já foi chefe da Secom no governo Bolsonaro.

Portanto, suas posições não são isoladas ou acidentais. Consequentemente, refletem o pensamento do círculo próximo da ex-primeira-dama. Dessa forma, fica claro que Michelle não apoia plenamente a aposta em Flávio.

O episódio expõe disputa aberta pelo comando do bolsonarismo. De um lado, os filhos de Bolsonaro buscam consolidar controle do projeto político. Do outro, Michelle tenta manter espaço e construir poder próprio.

Além disso, Tarcísio de Freitas aparece como alternativa viável ao impasse. Portanto, o governador de São Paulo pode ser a carta de consenso. Consequentemente, a batalha interna promete novos e intensos capítulos.