Representações do bitcoin — Foto: Erling Løken Andersen/Unsplash

As stablecoins dominaram o cenário cripto em 2025. Segundo relatório da TRM Labs, esses ativos já representam 30% do volume on-chain global. Além disso, movimentaram US$ 4 trilhões entre janeiro e julho.

O Brasil aparece entre os cinco países com maior adoção mundial. Portanto, 2025 marca a consolidação das stablecoins como o principal caso de uso real da tecnologia blockchain.

Esses ativos deixaram definitivamente a periferia do ecossistema cripto. Agora, ocupam o centro do mapa global de adoção financeira, conforme aponta o Crypto Adoption & Stablecoin Usage Report 2025.

De acordo com o estudo, o crescimento foi expressivo: alta de 83% em relação ao mesmo período de 2024.

Brasil entre os líderes globais de adoção

O levantamento coloca o Brasil em posição de destaque no cenário internacional. O país divide o topo do ranking com Índia, Estados Unidos, Paquistão e Filipinas.

“O dado mais relevante não é apenas o volume, mas o motivo da adoção”, afirma Caio Barbosa, fundador da Lumx. Segundo ele, o movimento reflete uso real:

“Estamos falando de pagamento, remessas e preservação de valor”.

Uso real impulsiona a expansão

O relatório aponta um crescimento de 125% na adoção liderada pelo varejo. Diferentemente de 2024, esse avanço não está associado à especulação. Pelo contrário, necessidades práticas impulsionam essa expansão.

Países com restrições cambiais aparecem entre os maiores usuários. Além disso, mesmo em locais com banimentos formais, a adoção segue em alta. Isso evidencia uma demanda estrutural por alternativas financeiras mais eficientes.

“Isso explica por que os mercados emergentes estão à frente”, ressalta Barbosa. Segundo ele, o motor da adoção é econômico e não narrativo.

Atividade lícita e maturidade do setor

Apesar do aumento do debate regulatório global, o cenário é positivo. O estudo indica que 99% da atividade com stablecoins é lícita.

À medida que esses ativos passaram a ser mais monitorados, atividades ilícitas migraram para outros instrumentos. Consequentemente, o movimento reforça a maturidade e a transparência do setor.

Na prática, tesourarias corporativas, PMEs e plataformas digitais já utilizam stablecoins no dia a dia. Em 2025, diversos usos se consolidaram:

  • Movimentação internacional de capital: operações fora do horário bancário tradicional
  • Redução de custos cambiais: menos intermediários e taxas mais baixas
  • Liquidez em dólar 24/7: funcionamento contínuo, inclusive em fins de semana
  • Pagamentos com liquidação instantânea: mais eficiência operacional

“Na América Latina, o uso não é guiado por especulação”, explica Caio Barbosa.

Assim, as stablecoins tornaram-se uma camada operacional invisível, porém essencial para empresas que demandam liquidez, velocidade e previsibilidade.

O crescimento das stablecoins ocorre em paralelo ao avanço regulatório. Em 2025, diferentes regiões consolidaram seus marcos legais.

Estados Unidos

O Clarity Act propõe um marco para ativos digitais, atribuindo à CFTC a supervisão das chamadas “commodities digitais”, incluindo o Bitcoin.

União Europeia

A MiCA estabelece regras unificadas para os 27 países do bloco, com foco em inovação e segurança jurídica.

Brasil

O Banco Central publicou resoluções que entram em vigor em fevereiro de 2026. As normas definem o papel das SPSAV e PSAV na intermediação, custódia e negociação de ativos virtuais.

Segundo Barbosa, o cenário é claro:

“Stablecoins não são apenas um tema tecnológico, mas uma variável de política econômica e infraestrutura institucional”.

Perspectivas para 2026

O relatório aponta que o mercado cripto chega a 2026 em um ambiente incerto. Os ciclos tradicionais de quatro anos do Bitcoin estão sendo testados, e futuros halvings podem ter impacto reduzido.

Ainda assim, fatores como juros mais baixos, avanço regulatório e amadurecimento do ecossistema podem abrir espaço para um novo ciclo de expansão, mais integrado à economia tradicional.

Um possível catalisador é o novo ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, com impacto direto nos mercados globais.

Apesar das incertezas, a mensagem é clara.

“Independentemente do cenário macro, uma coisa já está definida, as stablecoins são hoje o maior caso de uso real da tecnologia blockchain e a curva de adoção está longe de desacelerar.”, conclui Caio Barbosa.

Assim, 2025 entra para a história como o ano da consolidação definitiva. As stablecoins deixam de ser promessa e passam a integrar a infraestrutura essencial da economia digital global.