Governo decide vender 100% dos Correios em leilão único
Foto: Raquel Dias/Correios/Divulgação

Os Correios fecharam empréstimo de R$12 bilhões com cinco bancos. O acordo inclui Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander. O contrato foi assinado na sexta-feira (26) e tem vigência até dezembro de 2040. Portanto, a operação durará 15 anos com garantia da União.

A divulgação ocorreu em edição extra do Diário Oficial da União deste sábado (27). Assim, a estatal está autorizada a avançar com as captações de recursos.

O empréstimo terá prazo de 15 anos, com três anos de carência. Além disso, a taxa ficou em 115% do CDI, dentro do teto exigido pelo Tesouro.

O percentual ficou abaixo do limite usual de 120% do CDI para garantia da União. Consequentemente, a operação apresenta condições mais favoráveis para a estatal.

R$10 bilhões serão liberados ainda em 2025 e outros R$ 2 bilhões até janeiro de 2026. Dessa forma, os recursos entram rapidamente no caixa da empresa.

Situação Crítica

A estatal registrou prejuízo de R$4,3 bilhões no primeiro semestre. Entretanto, o rombo acumulado entre janeiro e setembro chegou a R$6,1 bilhões.

O valor é três vezes maior que o resultado do mesmo período de 2024. Na ocasião, o balanço havia ficado em R$1,3 bilhão no vermelho.

Os déficits acumulados desde 2022 já ultrapassam R$10 bilhões. Igualmente, as contas da estatal apresentam forte deterioração financeira.

Proposta Anterior Recusada

O Tesouro Nacional aprovou a operação no dia 18 de dezembro. Todavia, o montante é inferior ao empréstimo de R$20 bilhões negado no início do mês.

A proposta anterior trazia juros acima do limite tolerado pelo Tesouro. Por isso, houve redução de quase R$5 bilhões com encargos na nova negociação.

O Tesouro havia aprovado anteriormente a operação de até R$12 bilhões. Contudo, a estatal só poderia usar R$5,8 bilhões em 2025 inicialmente.

Uso dos Recursos

O empréstimo visa gerar financiamento para capital de giro e investimentos estratégicos. Ademais, inclui pagamento de comissão de estruturação da operação.

A curto prazo, o recurso pagará obrigações atrasadas como salários e precatórios. Dessa maneira, a empresa regulariza dívidas pendentes. O valor contratado mantém no radar a necessidade de novo crédito em 2026. Definitivamente, pode ser necessário aporte adicional do Tesouro no ano eleitoral.

Plano de Reestruturação

Os Correios apresentaram plano para garantir estabilidade nos próximos 12 meses. Entre as medidas, constam programa de demissão voluntária e venda de imóveis. O plano prevê demissão voluntária de 15 mil trabalhadores. Assim, serão 10 mil em 2026 e 5 mil em 2027.

Está previsto o fechamento de 1 mil unidades dos Correios. Igualmente, novas parcerias com o setor privado farão parte da estratégia. O objetivo é que a estatal volte a ter lucro em 2027. Portanto, o plano busca recuperação em médio prazo.

O TST marcou sessão extraordinária para terça-feira (30) sobre dissídio dos Correios. Paralelamente, haverá nova rodada de negociações na segunda-feira (29). O presidente do TST considerou que a greve impacta os serviços durante as festas de fim de ano. Consequentemente, decidiu marcar julgamento mesmo no recesso do Judiciário.

Decisão liminar determinou que 80% do efetivo se mantenha em funcionamento. Caso descumprida, haverá multa diária de R$ 100 mil.