Guillen diz ser natural BC falar com setor financeiro
BC estuda criar uma pesquisa nos moldes do Boletim Focus / Ag. Brasil

A semana começa com um sinal consistente de acomodação das expectativas de inflação. O Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central do Brasil, mostrou nova revisão para baixo nas projeções do IPCA, reforçando a leitura de um processo gradual de convergência à meta.

Sendo assim, a mediana das projeções para o IPCA de 2025 caiu de 4,33% para 4,32%, marcando a sétima redução consecutiva. O número está 0,18 ponto porcentual abaixo do teto da meta, hoje fixado em 4,50%. Há um mês, a estimativa era de 4,43%.

Considerando apenas as projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, o recuo foi ainda mais sutil, de 4,32% para 4,31%, sinalizando maior alinhamento das expectativas de curto prazo.

IPCA 2026 também recua e segue abaixo de 4,1%

Para 2026, a leitura do Focus mostrou queda de 4,06% para 4,05%, a sexta baixa consecutiva. No intervalo de um mês, a projeção recuou de 4,17%. Entre as estimativas mais recentes, a mediana caiu de 4,07% para 4,06%.

O movimento reforça a percepção de que o ciclo de política monetária começa a produzir efeitos mais claros sobre as expectativas.

BC mantém projeção oficial e discurso de cautela

Mesmo com a melhora captada pelo mercado, o Banco Central mantém uma visão mais conservadora. A autoridade monetária projeta inflação de 4,4% em 2025 e 3,5% em 2026, conforme as comunicações mais recentes do Comitê de Política Monetária.

Portanto, no horizonte relevante, o segundo trimestre de 2027, a expectativa do colegiado é de inflação acumulada em 12 meses em 3,2%, já bastante próxima do centro da meta.

Meta contínua e reenquadramento da inflação

Desde este ano, o regime de metas passou a ser contínuo, com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo.

Após ficar acima do intervalo por seis meses consecutivos o que caracterizou o descumprimento formal da meta após o IPCA de junho, a inflação voltou ao intervalo em novembro, quando acumulou 4,46% em 12 meses.

Em suma, no último Relatório de Política Monetária, o BC reafirmou o compromisso com a convergência.

“O reenquadramento da inflação dentro dos limites estabelecidos para a faixa de tolerância é uma etapa natural do processo de convergência à meta”, afirmou o Banco Central no documento.

Selic segue alta e Focus mantém projeções estáveis

No campo dos juros, o Focus manteve a projeção da Selic em 15% no fim de 2025, nível que se repete há 24 semanas consecutivas. A decisão está em linha com a postura do Copom, que manteve a taxa básica pela quarta reunião seguida.

Para 2026, a mediana permaneceu em 12,25%, embora as estimativas mais recentes indiquem leve ajuste para 12,13%. Já as projeções de longo prazo seguem ancoradas: 10,50% em 2027 e 9,75% em 2028.

Na ata, o Copom reforçou que “a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”.