
Dezembro costuma terminar com uma lista de gastos que não aparece no feed das festas: IPVA, IPTU, matrícula escolar, material e reajustes do início do ano.
Para o planejador financeiro CFP® e especialista em investimentos Jeff Patzlaff, a conta estoura porque muita gente subestima o pacote.
“Muitos esquecem a grande carga de impostos que devem ser pagos em janeiro, IPVA e o IPTU, além de material escolar e rematrículas”, afirmou. É nesse ponto que contas de janeiro viram um teste de organização.
IPVA e IPTU: por que o orçamento aperta em janeiro
Patzlaff aponta que a pressão não nasce só das despesas, mas do contexto econômico e do comportamento.
“Vivemos um cenário econômico desafiador, a inflação em 4,68% segundo o IBGE tem pressionado o teto da meta, e a Selic permanece alta em 15%”, disse. “Isso encareceu o crédito e pesou no carrinho de supermercado de todas as famílias brasileiras.”
Para ele, o fim do ano adiciona um componente que não cabe em planilha. “Com o fim do ano, a carga emocional fica forte, queremos presentear quem amamos e celebrar a vida, porém, o maior erro das famílias nesta época é misturar afeto com despesas financeiras”, afirmou.
Gastos de fim de ano: como definir limite para presentes
A orientação do especialista é começar pelo teto, e não pelo impulso.
“Para este Natal, a regra é definir um teto geral, em vez de pensar individualmente no presente de cada um, pense que você tem um valor X para gastar com todos”, disse. E resumiu a lógica: “o afeto não tem preço, mas o presente material tem nota fiscal.”
Na leitura do planejador, o problema não é gastar. “O maior problema não é gastar, mas gastar sem saber quanto, com o quê e até onde isso cabe no orçamento”, afirmou.
Décimo terceiro salário: como usar sem comprometer 2026
O 13º salário, segundo Patzlaff, precisa ter destino antes de “virar sobra”. Em caso de dívidas caras, ele é direto: “A prioridade absoluta, antes de qualquer compra, deve ser quitar essas dívidas.”
Se as contas estiverem em dia, o foco muda para proteção. “Use esse recurso para criar a sua blindagem de janeiro ou a sua reserva de emergência caso não tenha ou precise repor”, disse.
Os números reforçam o alerta: dados da Serasa indicam que outubro de 2025 fechou com 80,4 milhões de endividados, recorde da série histórica, segundo o especialista citou no texto.
Pagar à vista ou parcelar: a conta do desconto
A dúvida reaparece todo início de ano, especialmente com IPVA e IPTU. Patzlaff sugere uma regra prática: “A conta que você deve fazer é se tiver desconto no pagamento a vista deve ser pelo menos 1% ao mês de desconto vezes a quantidade de vezes que pode parcelar.”
Ele acrescenta que parcelar pode preservar liquidez, desde que o orçamento suporte: “mas lembre-se que a parcela tem que caber no seu orçamento e não tirar a sua paz”.
Material escolar: como reduzir custo sem improviso
O planejador lembra que materiais escolares em janeiro deste ano ficaram mais caros entre 5% e 9% em relação a 2024, acima da inflação oficial.
Para lidar com isso, ele recomenda antecipação, reaproveitamento do que ainda serve e compras coletivas entre pais para ganhar escala.
Viagens e renegociação: onde cortar sem perder o controle
Com turismo aquecido em 2025, preços de passagens e hospedagens sobem na alta temporada, segundo dados do Ministério do Turismo citados no texto.
Para quem deixou para a última hora, o recado é objetivo: “comprar uma viagem internacional de última hora pode matar seu planejamento de 2026”.
Se a família já entrou no vermelho, o foco deve ser o essencial. “A prioridade agora é garantir o essencial, moradia, alimentação”, disse.
Ele também sugere renegociar antes da virada: “Aproveite o fim de ano para buscar os feirões de renegociação, como o Feirão Limpa Nome do Serasa”.
Método 50/30/20: como montar rotina de orçamento
Para iniciar 2026 com mais previsibilidade, Patzlaff recomenda o 50/30/20 como referência, com adaptação à realidade de cada casa. “Os 20% destinados a investimentos devem ser compromisso.
Não é o que sobra, é uma garantia, é o seu eu de hoje cuidando do seu eu do futuro”, afirmou.
Ele também destaca que a ferramenta de controle é a que vira hábito. “A melhor ferramenta para organização financeira é aquela que você realmente usa”, disse, citando desde categorização automática dos bancos até planilhas e aplicativos. E deixou um aviso: “se você automatizar e não olhar, nada mudará nas suas finanças.”
Antes da virada, a recomendação é listar tudo o que vence em janeiro e fevereiro, revisar entradas e saídas e transformar o planejamento em rotina. Para Patzlaff, o objetivo é simples: “A maior riqueza que você pode ter ao virar o ano é a liberdade financeira”. E ela começa quando as contas de janeiro já estão mapeadas.