Smart Summit 2025

Agro: há melhora no setor mais representativo do PIB, segundo analistas

A recuperação em 2025 não significa que todos os desafios do setor já foram superados

Foto: Gabriel Rios/ BP Money
Foto: Gabriel Rios/ BP Money

O setor agropecuário brasileiro passou por um período de desafios, com dois anos de margens e níveis de rentabilidade muito abaixo de seus patamares históricos, seguidos por outros dois anos — durante a pandemia da Covid-19 — com os maiores resultados já registrados. Após essa volatilidade, o agro apresenta sinais de recuperação, segundo Bruno Santana, fundador da Kijani.

O executivo trouxe sua perspectiva, juntamente com o sócio-diretor da Valora, Guilherme Grahl, e Gustavo Lipschitz, operador de renda variável, durante o painel “Como participar do setor mais representativo do PIB”, na Smart Summit 2025.

Mesmo com a perspectiva de melhora, Santana explica que esse cenário gerou uma crise de crédito para o setor.

Em relação à operação, ele afirma que é possível observar boas produtividades, somadas a bons preços, bem como margens iguais ou superiores à média histórica. Contudo, aponta que essa recuperação em 2025 não significa que todos os desafios do setor já foram superados.

Diante disso, o especialista destaca três pontos a serem acompanhados: é necessário garantir a continuidade da produção com boas margens; além disso, quem tomou decisões baseadas em picos históricos deve reavaliar suas estratégias e equacionar o crédito e o capital. “O produtor, na maior parte das vezes, precisa garantir algum nível de liquidez e, eventualmente, alienar parte dos ativos”, afirmou.

Já em relação aos credores, ele enfatiza a importância de compreender o funcionamento dos ciclos do setor. “Eles precisam acompanhar esses ciclos, protegendo os interesses dos investidores e garantindo um nível adequado de garantias”, disse.

No agro, as crises são cíclicas, mas a oportunidade está ‘na mesa’, diz especialista

Ainda durante o painel, o sócio-diretor da Valora, Guilherme Grahl, destacou que é de conhecimento geral que “as crises são cíclicas”. “No aspecto climático, a gente não empresta dinheiro para ninguém, fica esperando chover e rezando para São Pedro, porque não é assim que funciona”, comentou.

Como exemplo, ele explicou que há anos em que a quebra de safra ocorre no Norte e outros em que ocorre no Sul. Mesmo com essas oscilações, o Brasil segue sendo o maior produtor mundial do agronegócio, além de ser o maior exportador.

Nesse contexto, ele ressaltou que “quem está passando pela primeira crise acaba ficando assustado, mas a oportunidade está na mesa”.

Segundo Grahl, mudanças no setor agro ocorrem todos os anos, o que pode gerar incerteza no mercado. No entanto, muitas dessas transformações já são antecipadas na ponta da produção. “Mesmo com essas alterações, o Brasil continua batendo recordes de produção. Estamos falando de comida, de uma demanda garantida, e de um setor que sabe operar. Então, essa é uma oportunidade única que temos diante de nós”, concluiu.