O Índice de Produção Agroindustrial PIMAgro, da FGV Agro (Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas), caiu 3,1% em novembro em relação ao mesmo mês de 2023, após forte avanço em outubro.
Dessa forma, é possível que a agroindústria encerre 2024 com um desempenho abaixo da expectativa para o ano, de 2,7%, e até próximo de 2%, avalia o FGV Agro. Ainda, para o centro, os números colocam em dúvida sobre como o segmento deve iniciar 2025.
Enquanto as expectativas de safra recorde para os grão geram algum otimismo, a alta do dólar e a desaceleração da economia trazem incertezas.
No acumulado de 2024, o setor teve uma alta de 2,2%, a maior observada desde 2010. A maior queda de novembro foi para o setor de alimentos e bebidas, com baixa de 5%, com destaque para uma queda de 8,4% no setor de bebidas (e 10,6% para a indústria de não alcoólicas).
Entre os alimentos, houve recuo de 4,3%, com queda na produção de conservas e sucos, refino de açúcar, arroz e moagem de trigo. A contração na produção das indústrias de derivados vegetais caiu 9,4%.
Safra recorde é incerta, em meio a desafios climáticos
Os resultados mais otimistas do PIB do Agronegócio do terceiro trimestre de 2024, com alta de 1,26% após dois recuos seguidos, alimentam expectativas para uma supersafra de grãos, que vem sendo citada pelo governo como fator de alívio para os preços dos alimentos. Porém, o clima pode fazer com que a safra recorde não aconteça.
“A safra de milho e de soja estão com algumas incertezas, porque nós estamos com situações climáticas um pouco diferentes”, comenta Carlos Eduardo Vian, do Fórum de Agronegócio e Agricultura Familiar do Corecon-SP. Enquanto no Sul há regiões com falta de chuvas, no Centro-Oeste há excesso de precipitações.
“Então, a gente tem uma expectativa de que talvez essa safra recorde não se concretize”, afirma o especialista.
O mercado de commodities preocupa-se especialmente com o milho, que além de passar pelas dificuldades climáticas também tem sofrido com grande incidência de pragas; além do trigo, com uma redução de área cultivada nesta safra, lembra o CEO da Hike Capital, Jonas Carvalho.
Para o café também é esperada uma queda na produção, de 4,4%, de acordo com estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em razão de uma restrição hídrica e altas temperaturas nas fases de floração.
Nesse cenário, Vian não enxerga perspectivas de quedas de preços ao consumidor neste ano “muito por conta dessas restrições de oferta e num ambiente em que, num primeiro momento, talvez a gente mantenha uma demanda um pouco mais aquecida”, explica.
“Talvez a gente tenha um ano de desafios, embora os indicadores de PIB possam ser bons, mas com esse lado negativo de aumentos de preços e talvez até de uma certa manutenção de inflação”, resume o especialista.