O preço dos alimentos foi um dos grandes vilões do orçamento doméstico nos últimos meses. Seja por questões globais ou problemas na safra, o encarecimento assusta os brasileiros, e agora outro fator também pode pressionar o bolso do consumidor: o inverno.
De acordo com a pesquisa da Planejar para o jornal CNN, a cesta de alimentos – especialmente a alface, couve, tomate, abobrinha e morango – pode ficar até 25% mais caros na estação, com menor oferta nos supermercados.
“O frio intenso, as geadas e as chuvas irregulares reduzem a produtividade das lavouras e dificultam a distribuição. A menor disponibilidade pressiona os valores de itens básicos e afeta diretamente o planejamento das famílias”, avalia a Planejar.
O frio atrapalha as safras
Danilo Brito, planejador financeiro CFP, explica que o cultivo de hortaliças e frutas exige mais recursos durante os meses frios, como estufas, irrigação controladas e aquecimento, elevando o custo da produção.
“Em meses de alta nos preços, o que antes era 15% do orçamento pode facilmente subir para 20% ou 25%”, afirma.
Em junho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país, desacelerou para 0,24%, impulsionado pelo arrefecimento do grupo de Alimentação e Bebida.
E, mesmo com condições para que alimentos fiquem mais baratos, como a melhora climática sem os fenômenos climáticos El Nino e La Nina, a situação ainda é incerta para os grupos no restante do ano.
Medidas para driblar a inflação nos alimentos
A população já tem adotado novos hábitos nos últimos anos para tentar esquivar a alta nos preços dos alimentos, como recorrer aos atacadistas, setor que tem crescido drasticamente, de acordo com a Brazil Panels Consultoria, em parceria da Behavior Insights.
Brito destaca que, mesmo com maior impacto desse cenário na compra de produtos in natura – como ovos, tubérculos, frutas e verduras – essa movimentação acaba comprometendo outras áreas importantes do orçamento doméstico, como transporte, moradia ou lazer.
“Substituir produtos mais caros por ações com valor nutricional semelhante pode ser uma boa saída. Para evitar esse cenário, o ideal é aproveitar os meses de menor pressão para criar uma margem de segurança”, diz Brito.
Para o planejador financeiro, essa antecipação ajuda a reduzir o impacto nos períodos mais caros e evita decisões feitas no impulso.
“O segredo está em fazer substituições inteligentes, sem abrir mão da qualidade nutricional”, avalia o planejador.