Expectativas para a safra

Algodão: Brasil deve ser maior exportador pela segunda vez

Com a safra 2024/25 do país em fase final de plantio, os produtores esperam ao menos uma repetição do tamanho do ciclo anterior, de 3,65 milhões de toneladas

Plantação de algodão
Plantação de algodão / Foto: reprodução/ Agência Gov

Os produtores de algodão brasileiros esperam consolidar o país como maior exportador mundial do produto, repetindo o feito do ano passado, mas com uma produção ainda maior, de 3,70 milhões de toneladas.

Isto representa um crescimento de 15,6% em relação à última safra, segundo dados do Icac (Conselho Consultivo Internacional do Algodão). Para a exportação, a Anea (Associação Nacional dos Exportadores de Algodão) projeta o mesmo volume atingido em 2024, de 2,8 milhões de toneladas.

Isto deve fazer com que o Brasil ocupe a posição de maior exportador do mundo pelo segundo ano seguido.

Com a safra 2024/25 do país em fase final de plantio, os produtores esperam ao menos uma repetição do tamanho do ciclo anterior, de 3,65 milhões de toneladas, diz o presidente da Anea, Miguel Faus. “Mas devemos esperar mais alguma semanas para ver a área realmente plantada”, comenta.

Os números finais de plantio ainda não estão fechados porque houve chuva durante a colheita de soja, o que dificultou o plantio da segunda safra, tanto de algodão quanto de milho. Projeções da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontam para uma alta de 3,2% na área plantada desta safra, atingindo 2 milhões de hectares de algodão.

“A área plantada nesta safra será maior que a da safra passada porque os produtores mais experientes têm conseguido margens de lucro do algodão superiores às da soja e milho“, comenta o coordenador executivo da Amapa (Associação Maranhense dos Produtores de Algodão), Wellington Silva.

Demanda mundial pouco aquecida causa baixa nos preços do algodão

Os preços do produto vêm caindo e estão um pouco abaixo das médias históricas, sem perspectiva para melhoras no curto prazo. “A demanda mundial ainda não está totalmente aquecida e as fibras sintéticas estão com preço mais baixos ainda”, justifica Faus.

Na segunda-feira (3), o algodão em pluma estava a R$ 4,1027 por libra-peso, com queda de 0,28% no último mês, de acordo com as cotações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Além dos preços, o setor está preocupado as mudanças na política tarifária dos EUA, com o presidente Donald Trump, uma vez que o algodão brasileiro compete com o produto do país norte-americano pelos mesmos mercados, da China e outros importadores asiáticos, menciona Silva.

“Existe risco de alguns insumos e máquinas importadas pelos produtores brasileiros, a exemplo de colheitadeiras e aviões agrícolas, serem onerados a depender das negociações futuras de outros setores”, explica o coordenador.

Agora, resta saber se esta safra vai atingir os mesmos patamares do último ciclo, marcado por uma produção excepcional, impulsionada por um “El Niño atípico”, que resultou em boas produtividades no Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, segundo Silva.

“A safra foi boa. O maior desafio foi vender e entregar o volume produzido. De julho até a semana passada foram mais de 1,709 milhões de toneladas embarcadas, um ritmo 18% acima da safra anterior”, destaca Faus.

Dessa forma, o presidente da Anea acredita que o país vai cumprir a estimativa da associação, de um embarque de 2,8 milhões de toneladas até o fim de junho de 2025.