Alta de 24%

Brasil foca em trigo argentino após Milei zerar imposto

Governo argentino zerou temporariamente impostos de exportação sobre trigo, milho, soja, farelo e óleo de soja nesta segunda-feira (22)

Trigo: Brasil será autossuficiente na produção do grão em 5 anos
Brasil será autossuficiente na produção do trigo em 5 anos / Agência Brasil

As compras do trigo argentino pelos moinhos brasileiros tendem a ampliar ainda mais após uma medida do governo argentino de Javier Milei nesta segunda-feira (22) para zerar o imposto de exportação de grãos e derivados na Argentina. 

Essa decisão é mais um fator de pressão aos preços pagos aos agricultores no Brasil, segundo especialistas e integrantes do setor.

A Argentina, maior exportadora de trigo ao Brasil, dominava o mercado brasileiro em 2025 com folga. De janeiro a agosto, o volume importado do país vizinho somou 3,66 milhões de toneladas, de um total de 4,68 milhões de todas as origens, de acordo com dados do governo federal.

O volume importado do país vizinho pelo Brasil cresceu 24% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo o maior patamar anual até agosto desde 2021 (3,8 milhões de toneladas), segundo os números, com a Argentina aumentando sua safra nos últimos anos enquanto a produção brasileira foi frustrada pelo clima no ano passado.

“Com a redução do imposto, a tendência é aumentar as compras da Argentina em detrimento de outros países. Para os produtores nacionais de trigo, o impacto deve ser negativo, pois os preços têm ficado próximos à paridade de importação”, disse Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná) ao portal Investing.

O imposto de exportação de trigo na Argentina foi zerado temporariamente pelo governo argentino (antes era de 9,5%), em uma estratégia de aumentar a entrada de dólares no país. 

Os preços do trigo no Paraná, segundo maior Estado produtor de trigo do Brasil, recuaram mais de 9% no acumulado do mês, para R$ 1.275/tonelada, segundo dados do indicador do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Argentina zera impostos de exportação sobre grãos e derivados

Argentina zerou de forma temporária os impostos de exportação sobre soja, farelo e óleo de soja, milho trigo, nesta segunda-feira (22). A iniciativa acontece em uma tentativa de aumentar a oferta doméstica de moeda estrangeira, enquanto o país resiste para conter o peso.

A medida vai se estender até 31 de outubro ou até que as empresas agroexportadoras façam declarações juramentadas de exportações no total de US$ 7 bilhões, segundo o decreto presidencial de Javier Milei publicado no Diário Oficial argentino.

As taxas, que entrarão em vigor a partir de terça-feira (23), até a publicação do decreto, sobre os embarques de soja e seus derivados de óleo e farelo eram de 26% e 24,5%, respectivamente, enquanto as exportações de milho eram taxadas em 9,5%.

A Argentina é o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja, o terceiro maior exportador de milho e um grande fornecedor global de trigo.

Javier Milei havia dito durante sua campanha presidencial, há dois anos, que a eliminação do imposto de exportação era um de seus objetivos políticos, mas que não poderia zerá-lo imediatamente.

No primeiro semestre do ano, o governo Milei implementou uma redução temporária desses impostos, o que fortaleceu as vendas dos agricultores, que estavam em um ritmo lento.