A região Oeste da Bahia é um dos expoentes do agronegócio do Brasil. Porém, quem vê o sucesso hoje não imagina como foram às chegadas das primeiras famílias no local. O que é atualmente o maior polo de irrigação do Nordeste começou com a vinda de famílias gaúchas em busca de realizar seus sonhos e construir seus legados, como ocorreu com a família Faedo.
Mas para entendermos a importância da família Faedo na construção da cidade de Luís Eduardo Magalhães e de toda a região Oeste da Bahia, vamos voltar um pouco ao passado. A história traz consigo a conexão Itália e Brasil, como explica o empresário Rogério Faedo.
“Somos uma família de imigrantes italianos, pois meu avô chegou ao Rio Grande do Sul em 1898. Temos uma família grande, com 15 irmãos entre homens e mulheres”, destacou Rogério.
Foi na que hoje é a pequena cidade de Água Santa, no Rio Grande do Sul, que os imigrantes da família Faedo desembarcaram. Lá, desenvolveram ao longo de quase todo o século XX duas tradições da família: a agricultura e o comércio metalúrgico.
No entanto, com os anos se passando, a pequena cidade de Água Santa foi ficando pequena para os irmãos Faedo. No início da década de 1990, alguns deles resolveram sair pelo Brasil para expandir suas duas tradições familiares. O local que acabou sendo escolhido foi a região Oeste da Bahia, mais precisamente na cidade que viria se chamar Luís Eduardo Magalhães.
“Nos interessamos por umas áreas da região e acabamos adquirindo. Na época, praticamente não havia infraestrutura e nenhuma plantação, principalmente de soja que é a nossa tradição no Rio Grande. Na região já haviam alguns gaúchos e lá iniciamos essa atividade”, detalhou Rogério Faedo.
A família, então, se dividiu. Parte ficou no Sul e a outra migrou para a Bahia pra ver se a nova toada daria certo ou não. Logo na primeira tentativa veio a frustração, pois sem às facilidades advindas da tecnologia ao longo dos anos, não havia infraestrutura, como comunicação, qual semente utilizar, entre outros.
“Foi frustrante. Pensamos em desistir e voltar para o Sul. Mas, como todo gaúcho tem garra e nunca aceita voltar atrás, resolvemos tentar quantas vezes preciso fosse. Foram nas muitas tentativas que o progresso começou a chegar”, relembrou.
Com o ramo da agricultura prosperando ao longos dos anos, a família decidiu pôr em prática a segunda tradição familiar. Em 1997 abriu o comércio de autopeças, retífica de motor e oficina mecânica. Com mais estrutura, desta vez, logo começou a se consolidar tornando-se a maior retífica de motores da região.
Família Faedo uniu comércio com agro
Já nos anos 2000, tudo começou a avançar após a emancipação. Mimoso do Oeste deixava de ser distrito de Barreiras para se tornar Luís Eduardo Magalhães. O agro passou a ser ainda mais forte, tornando o município a quinta maior economia da Bahia ao longo dos anos.
Com a soja como o carro-chefe, a família passou a expandir os negócios, sempre buscando o pioneirismo na região. Com todas as dificuldades desde a década de 90, os irmãos passaram a investir em infraestrutura e começaram a plantar feijão na entressafra da soja, para depois também investir em café e milho.
“A região foi crescendo conforme chegavam novas culturas e novas tecnologias. Nós fomos acompanhando o desenvolvimento local e fomos aumentando a área, adquirindo outras fazendas e investindo em mais infraestrutura”, afirmou.
Como todo grande empresário, Rogério Faedo soube quando parar com uma das atividades. Como o café já não dava mais lucro, o fazendeiro preferiu encerrar a atividade, que deu lugar ao gado de corte, além da oficina mecânica, que vem da raíz da família.
Como Rogério bem destacou, a tecnologia passou a acelerar o processo das atividades, principalmente com o avanço tecnológico das máquinas, que praticamente conseguem realizar todas as etapas, como colher e arar.
“As pessoas já estão assimilando bem o uso dessas tecnologias e o resultado tem sido gigantesco para o Brasil e para o Oeste da Bahia”, celebrou o empresário.
Agronegócio passa por período nebuloso
Entretanto, alguns desafios começaram a surgir na agricultura, principalmente o custo com a produção. Segundo Rogério, os empresários do agronegócio atravessam um período nebuloso.
“O custo e a produção subiram, mas o preço não acompanhou esses custos elevados. Uma máquina que já chegou a custar R$ 500 mil, hoje custa cerca de R$ 5 milhões. É um custo muito alto com máquinas e insumos. A agricultura vive momentos gloriosos de produção, mas muito apertado na rentabilidade”, explicou.
Para Rogério, um dos principais fatores para essas dificuldades vem dos governos federal e estadual que, segundo ele, não enxergam o agro com bons olhos.
“O agro hoje é responsável por 40% da cadeia do PIB (Produto Interno Bruto) e eles [Governos] nos taxam de caloteiros e tantos outros termos pejorativos. O agro sempre levou o Brasil a progredir. Sem o agro não tem caminhão, alimento na mesa, calça para vestir… É injusta a forma como o agro é tratado”, pontuou.
Ainda assim, o empresário vê o agro como a salvação do País. De acordo com ele, se o governo mudar o tratamento, o Brasil se tornaria a maior nação do mundo, tendo alimento para toda a população.
“Nossa região é muito promissora e tem crescido muito. Porém, ela poderia crescer mais. Para isso, não precisaríamos nem do incentivo, mas que o governo apenas não nos atrapalhasse, pois eles têm travado nossa atividade”, criticou.
O sonho político
Além do agro e do comércio, a família Faedo também cultivou uma paixão: a política. Com seu pai sendo prefeito e vereador no Sul, Rogério também sempre sonhou com essa possibilidade. Chegou a se candidatar também aos mesmos cargos, mas não obteve êxito por apenas 33 votos.
Para ele, a perda naquele momento foi como Deus fechar uma porta e abrir uma janela. Com a derrota, focou em se mudar de vez para a Bahia e pôde construir tudo que construiu ao longo de mais de duas décadas.
Sempre ativo politicamente, contribuiu para a emancipação política de Luís Eduardo e se fez presente nos pleitos municipais apoiando muitos prefeitos que viriam a se eleger. Assim, nunca deixou seu sonho de lado.
“Eu tenho um sonho de ser prefeito de Luís Eduardo Magalhães. Quem sabe esse sonho não esteja reservado para se tornar uma realidade no futuro?”, declarou.
Político de direita, Rogério busca defender Deus, pátria, família, liberdade e a propriedade privada. “Meu anseio e meu desejo é que a cidade que eu vi nascer e ajudei a dar os primeiros passos se desenvolva tendo um administrador competente e que dê retorno para a cidade como ela merece. Meu sonho um dia é chegar lá”.