A produção de etanol de milho e cana-de-açúcar no Brasil na safra 2025/26 deve atingir 33,8 bilhões de litros, o que significa uma queda de 3% em relação a 2024/25, de acordo com previsões da trading de etanol SCA Brasil. O próximo ciclo começa no dia 1º de abril deste ano.
Enquanto a estimativa para a produção de etanol de milho é de 9,8 bilhões de litros, o que representa uma alta de 19% em relação à safra 2024/25, o volume projetado para o etanol anidro (misturado à gasolina) é de 3,7 bilhões de litros, alta de 29%, e a produção do hidratado (tipo usado em veículos flex) deve ser de 6,1 bilhões de litros, alta de 13%.
USP testa primeira planta do mundo de hidrogênio com etanol
A USP (Universidade de São Paulo) está desenvolvendo testes da primeira estação experimental do mundo dedicada à produção de hidrogênio renovável a partir do etanol, segundo informações da “Agência FAPESP”.
O projeto está sendo conduzido pelo RCGI (Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito), um CPE (Centro de Pesquisa em Engenharia) constituído por FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Shell na Escola Politécnica da USP.
Com um investimento de R$ 50 milhões, a estação está localizada na Cidade Universitária, em São Paulo.
Ela é parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que conta com a colaboração de grandes empresas e instituições, como Shell Brasil, Raízen, Hytron (agora parte do Grupo Neuman & Esser), Senai Cetiqt e a própria USP por meio do RCGI, além da Toyota, Hyundai, Marcopolo e da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo).
A tecnologia desenvolvida visa demonstrar a viabilidade do etanol como vetor para a produção de hidrogênio sustentável, aproveitando a infraestrutura já existente no país.
A planta-piloto tem capacidade para produzir 100 quilos de hidrogênio por dia, volume que será utilizado para abastecer três ônibus e dois veículos leves, entre outros. O hidrogênio gerado será testado em coletivos de transporte público da USP e nos veículos Toyota Mirai e Hyundai Nexo, ambos movidos a hidrogênio.
Nesta fase, serão avaliados a taxa de conversão de etanol em hidrogênio e os índices de consumo e rendimento do combustível nos veículos.
“Estamos promovendo uma revolução na matriz energética ao demonstrar que é possível produzir hidrogênio sustentável a partir do etanol, com grande eficiência logística”, explicou Julio Meneghini, diretor científico do RCGI, em nota.
“O Brasil tem condições únicas para esse desenvolvimento, considerando nossa infraestrutura já consolidada para o etanol. Isso abre possibilidades para a descarbonização da indústria em setores com alto nível de emissões, como a siderúrgica e a cimenteira, além dos setores químico e petroquímico, na produção de fertilizantes e no transporte de carga e passageiros em larga escala.”
A produção de hidrogênio dessa planta-piloto ocorre por meio da reforma a vapor do etanol, um processo químico no qual o etanol reage com água sob altas temperaturas, resultando na liberação de hidrogênio.