As exportações brasileiras de produtos agropecuários atingiram US$ 10,999 bilhões em janeiro, o que representa uma queda de 5,3% em relação ao mesmo mês de 2024, como divulgou o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). Apesar da queda, o valor é o segundo maior já alcançado para o mês.
O valor ficou US$ 616 milhões abaixo dos US$ 11,615 bilhões registrados no primeiro mês do ano passado. O setor agropecuário foi responsável por 43,7% de todas as exportações do Brasil, ante 43,5% em janeiro de 2024. No último mês, o segmento foi afetado por uma queda nos embarques de soja, milho e do complexo sucroalcooleiro.
“A queda ocorreu em função, principalmente, da redução do índice de quantidade das exportações, que caiu 10,1%”, disse a SCRI (Secretaria de Comércio e Relações Internacionais), do Mapa, em nota.
“Por outro lado, houve elevação no índice de preço das exportações em 5,3%, compensando, em parte, a queda no volume exportado. Uma análise dos preços internacionais de diversas commodities agropecuárias revela aumento de preços de diversos produtos exportados pelo Brasil: café, celulose, carnes, suco de laranja, fumo, cacau, dentre outros”, disse a secretaria.
Houve seis setores que exportaram mais de US$ 1 bilhão no último mês: carnes (18,9% do total), produtos florestais (13,8%), café (13,2%), complexo soja (10,1%), complexo sucroalcooleiro (10,0%) e cereais, farinhas e preparações (9,1%). Estes segmentos representaram, juntos, 75,1% das exportações do agronegócio.
Soja: produção deve ser maior que o previsto e pressiona cotações
Enquanto a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projeta uma safra 2024/25 de 166 milhões de toneladas para a soja (o que já seria um recorde), a Hedgepoint Global Markets prevê uma produção ainda maior, de 170.7 milhões de toneladas.
Mas, para o coordenador de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Luiz Fernando Gutierrez, essas projeções devem ser ajustadas em breve e a colheita pode ser ainda maior, com grande potencial para pressionar os preços da commodity.
“O mercado da soja no Brasil está no momento de início de pressão sobre os preços, eu diria assim. Especialmente porque a gente está começando a colheita”, destaca Gutierrez.
Na quinta-feira (13), o preço da oleaginosa no porto de Paranaguá caiu 0,73% em relação ao dia anterior, para R$ 130,68 por saca de 60 quilos, de acordo com as cotações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Para Gutierrez, o que tem salvado os preços de quedas ainda maiores são as cotações da Bolsa da Chicago, que têm estado em um patamar mais elevado nas últimas semanas, em relação ao final do ano passado, como reflexo da seca na Argentina e no Rio Grande do Sul, além de uma produção menor que o esperado nos EUA.
Outro fator que tem sustentado os preços da commodity é o câmbio. Porém, nenhum desses suportes deve superar a pressão exercida pela safra recorde.