Safra no Paraná (Foto: Gilson Abreu/AEN)
Safra no Paraná (Foto: Gilson Abreu/AEN)

O LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola) apontou que a safra de grãos, cereais e leguminosas do Brasil deve cair 3,7%, somando 332,7 milhões de toneladas. Informações foram divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (13).

O declínio na produção geral se deve, principalmente, ao milho (-9,3%), ao sorgo (-11,6%), ao arroz (-6,5%), ao algodão herbáceo em caroço (-11,6%), ao trigo (-3,7%), ao feijão (-1,3%) e ao amendoim em casca (-2,1%).

No movimento contrário, a expectativa da soja é de crescimento de 1,1% na produção, com 1,8 milhão de toneladas.

“Em 2025, nós tivemos condições climáticas muito favoráveis para a maioria das culturas e das unidades da federação, com recordes na produção de soja, milho, algodão e sorgo, além de uma safra muito boa para o arroz. Em 2026, a previsão desse primeiro prognóstico é de queda, uma vez que estamos sob a influência do fenômeno La Niña, que traz chuvas mais intensas para a Região Centro-Oeste e pouca chuva para o Sul, o que pode afetar as lavouras”, explicou Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agricultura do IBGE.

O IBGE destaca, ainda, que para a safra 2026, estão sendo incluídos canola e gergelim, produtos que vêm ganhando importância nos últimos anos, embora ainda tenham seu cultivo limitado há poucas unidades da federação.

Paraná e Rio Grande do Sul devem ser os estados em que a produção tende a crescer, com avanços de 2,4% e 22,6%, respectivamente. No entanto, o Instituto aponta que haverá recuo no Mato Grosso (-9,8%), em Goiás (-7,8%), no Mato Grosso do Sul (-12,2%), em Minas Gerais (-4,7%), na Bahia (-4,0%), em São Paulo (-6,9%), no Tocantins (-7,8%), no Maranhão (-3,3%), no Pará (-8,3%), em Santa Catarina (-13,4%), no Piauí (-0,6%), em Rondônia (-2,4%) e em Sergipe (-6,5%).

Área colhida

A área colhida no próximo ano foi estimada em 81,5 milhões de hectares neste primeiro prognóstico, um crescimento de 1,1%. Para os produtos, foi previsto aumento nas áreas do milho (0,7%), da soja (0,3%), e do trigo (0,2%).

Os produtos com redução de área esperada são algodão herbáceo em caroço (-0,7%), amendoim em casca (-3,3%), arroz (-3,3%), feijão (-1,8%) e sorgo (-0,7%).

Nos estados, a área a ser colhida deve crescer no Mato Grosso (0,9%), na Bahia (0,1%) e em Rondônia (0,2%); havendo declínios em Goiás (-0,4%), no Mato Grosso do Sul (-1,1%), em Minas Gerais (-0,1%), em São Paulo (-1,3%), no Tocantins (-0,6%), no Maranhão (-0,3%), e no Ceará (-0,1%).

Novo recorde previsto para a soja; milho tem previsão de queda

A primeira estimativa de produção de soja para o ano de 2026 totalizou 167,7 milhões de toneladas, caracterizando novo recorde na produção nacional da leguminosa, superando a produção do ano anterior em 1,8 milhão de tonelada (1,1%).

O IBGE atribui o salto na produção a, principalmente, pelo incremento esperado de 0,8% no rendimento médio, totalizando 3.507 kg/ha, e de uma área plantada 0,3% superior à registrada na última safra.

Por outro lado, o milho foi a principal lavoura com queda na estimativa, com 128,4 milhões de toneladas, declínio de 9,3% (menos 13,2 milhões de toneladas) em relação à safra colhida em 2025.

Para a primeira safra, foi estimada uma produção de 26,3 milhões de toneladas, aumento de 0,5% na mesma base comparativa, com rendimento médio caindo 2,4% e a área a ser colhida crescendo 3,3%. Para o milho segunda safra, a estimativa de produção é de 102,1 milhões de toneladas, declínio de 11,6% em relação a 2025, havendo uma redução de mesmo valor para o rendimento médio.

“Como a safra 2025 foi favorecida pelo clima durante o período de 2ª safra, a base de comparação da safra anterior é relativamente forte, de tal forma que não se espera, para 2026, que o clima se comporte tão favoravelmente. Além disso, ainda pairam muitas dúvidas quanto à janela de plantio do cereal, uma vez que as lavouras da safra de verão encontram-se ainda em desenvolvimento no campo”, contextualizou o gerente.

No que tange ao algodão, é esperada uma queda de 4,8%, ficando em 9,3 milhões de toneladas, após três anos seguidos de safra recorde, com reduções de 3,3% no rendimento médio. “Os preços também estão pressionados devido a boa safra de 2025, então, deve haver uma redução na área plantada e menor investimento nas lavouras”, avalia Guedes.

O mesmo acontece com o feijão, que, com preços pouco favoráveis, deve atingir 3 milhões de toneladas, uma redução de 1,3% em relação á safra colhida em 2025, mas ainda assim atendendo ao consumo brasileiro.