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Milho: de coadjuvante a protagonista no agronegócio brasileiro

Explore o papel crescente do milho no agronegócio brasileiro e como as condições climáticas influenciam sua produção.

Reprodução / Instagram / Unem
Reprodução / Instagram / Unem

O milho, historicamente considerado o “primo pobre” do agronegócio, começa a ocupar lugar de destaque nas lavouras brasileiras. 

A cada safra, sua importância cresce.

Instabilidade climática desafia a produção

Na fazenda EccoAgro, em Uberaba (MG), o engenheiro agrônomo Pedro Ottoni monitora diariamente dois indicadores: o pluviômetro e o preço do milho. 

Segundo ele, o clima se tornou extremamente instável. “Antes, era possível confiar na previsão. 

Atualmente, a realidade muda de uma semana para outra”, afirma Ottoni.

Em fevereiro, a escassez de chuvas e as temperaturas elevadas afetaram diretamente a janela ideal de plantio do milho safrinha. 

Com o atraso da colheita da soja, o plantio também foi postergado. 

Como resultado, Pedro reduziu sua área plantada de 250 para 150 hectares, priorizando as áreas irrigadas.

A importância da safrinha

Cerca de 78% do milho brasileiro vem da chamada “safrinha”, plantada após a soja. 

Apesar do nome, esse ciclo responde pela maior parte da produção. 

Em 2025, a Conab estima que o país produzirá 122,7 milhões de toneladas de milho.

Caso haja problemas na safrinha, os preços do grão tendem a se manter elevados durante todo o ano. 

O impacto se estende a setores como frigoríficos, indústrias alimentícias e usinas de etanol.

Um grão democrático e tecnológico

O milho é cultivado em diferentes regiões do país, adaptando-se bem a climas diversos e a diferentes níveis tecnológicos. 

A produtividade média é de 5.800 kg por hectare. No entanto, com o uso intensivo de tecnologia, algumas fazendas dobram essa marca.

Etanol de milho: nova fronteira

Nos últimos anos, o milho ganhou um novo mercado: o etanol. 

Atualmente, 25 biorrefinarias estão em operação no Brasil, e outras 30 já foram autorizadas ou anunciadas.

Em 2024, 17 milhões de toneladas do grão foram destinadas à produção de biocombustível. 

Segundo relatório da XP, a demanda pode alcançar 39 milhões de toneladas até 2030.

O futuro promissor do milho

Até o início dos anos 2000, o Brasil ainda importava milho. 

No entanto, desde 2011, a produção deu saltos expressivos, passando de 50 milhões para mais de 120 milhões de toneladas.

Apesar disso, o milho ainda recebe menos atenção que a soja, considerada o grão nobre do agronegócio. 

Mesmo assim, com a crescente demanda por proteína animal e biocombustíveis, o milho deve continuar ganhando espaço.

De coadjuvante a protagonista, o milho caminha para se tornar o novo símbolo do agronegócio brasileiro.