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Os preços do milho registraram altas mais expressivas na semana passada na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
O centro indica que o impulso vem da menor disponibilidade do cereal no spot nacional e do maior interesse de compradores. Segundo os pesquisadores, vendedores estão atentos às recentes valorizações e à demanda aquecida e, com isso, se retraem do mercado, à espera de novas valorizações.
Por sua vez, consumidores têm tido dificuldades para recompor seus estoques e vêm se esbarrando nos preços elevados no atual período. No campo, a colheita da safra verão tem avançado, com as atividades favorecidas pelo clima seco e quente nas regiões produtoras.
Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) do dia 16 de fevereiro, 21,1% da área de safra verão foi colhida, progresso semanal de 7,8 pontos percentuais e próximo dos 21,4% registrados em 2023.
Milho: demanda deve sustentar preços nos próximos meses
O mercado do milho tem estado com preços altos, sustentado por uma forte demanda do produto, e as perspectivas são otimistas, avaliam especialistas.
A saca de 60 kg do grão estava cotada a R$ 83,62 na última quinta-feira (20), segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Isto representa uma alta mensal de 11,51%.
Já no mercado futuro da B3, as cotações chegaram a R$ 84,75 para o vencimento março/25 nesta sexta-feira (21), o que representa alta de 2,36%. Por sua vez, a Bolsa de Chicago, nos EUA, exibia um resultado negativo para o mesmo vencimento, a US$ 4,93, queda de 4,50 pontos.
No Brasil, os players do mercado de proteína animal fecharam 2024 com altas margens, o que tem viabilizado o incremento na demanda por milho, e novas fábricas de etanol de milho estão entrando em operação, o que também sustenta os preços, destaca o gerente de relacionamento na Hedgepoint Global Markets, Rodrigo Lamberti.
Os produtores do grão também têm boas perspectivas para o mercado internacional no futuro, uma vez que há forte demanda pelas exportações dos EUA, o que deve causar uma redução nos estoques finais do milho do país norte-americano e sustentar os preços em Chicago.
“Atualmente, os fatores altistas têm pesado mais sobre as cotações do que os fatores baixistas”, destaca Lamberti.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê alta de 5,5% na safra de milho, para 122 milhões de toneladas. Já nos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a projeção é de 126 milhões de toneladas.
Enquanto isso, a consultoria StoneX projeta uma produção total de 129,4 milhões de toneladas, na 1ª, 2ª e 3ª safras. Apenas na safrinha (2ª safra), são esperadas 101,7 milhões de toneladas.
O cenário também envolve preocupações com o clima, que pode prejudicar o final da safra na Argentina e a semeadura na janela ideal para a safra de inverno no Brasil.
“Como o plantio dessa safra ainda está em andamento, acompanhar o clima daqui em diante no centro-oeste brasileiro será essencial para determinar o potencial produtivo deste ano”, destaca o analista de inteligência de mercado de milho da StoneX, Raphael Bulascoski.