Pouco investimento

Psyche Aerospace demite 130 pessoas e encerra sonho de ‘megadrone’

“Cada mês de cash burn da Psyche custa milhões. A cada 30 dias que passavam, estávamos queimando milhões”, disse o CEO

Foto: Divulgação
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O jovem empreendedor Gabriel Leal, fundador da Psyche Aerospace, precisou frear seu sonho de ver seus drones de pulverização voando por lavouras do Brasil. O projeto não decolou — pelo menos por enquanto.

Depois de chamar a atenção ao prometer produzir, em escala comercial, o maior equipamento do gênero no mundo, a Psyche Aerospace encerrou, discretamente, as atividades de sua divisão de drones agrícolas na última sexta-feira (16). A empresa já havia informado que possuía cartas de intenção assinadas com grandes empresas do agro para pulverizar 500 mil hectares assim que o aparelho estivesse no mercado.

A companhia também demitiu 130 funcionários que trabalhavam na sede da empresa, em São José dos Campos (SP).

A organização seguirá operando, mas com um quadro bem mais enxuto — entre 25 e 30 pessoas, segundo o próprio Leal — em um escritório em Campinas (SP).

A equipe remanescente focará no desenvolvimento da área de inteligência artificial (IA) e da plataforma Turing, lançada pela startup em janeiro e apelidada de “ChatGPT do agro”, em referência à ferramenta da americana OpenAI.

“Estamos solidificando nossa presença em IA justamente para conseguir voltar com força na parte de hardware”, afirmou Leal, de apenas 24 anos, ao AgFeed.

Um dos três galpões que a Psyche ocupava em um condomínio industrial de São José dos Campos já foi devolvido. A startup também desocupou três andares de salas locadas na unidade do coworking WeWork na cidade.

Crise na Psyche Aerospace

A Psyche prometia fabricar seus drones de pulverização agrícola em uma planta no interior de São Paulo. O maior dos modelos desenvolvidos era o Harpia P-71, com capacidade nominal de 250 kg — movido a etanol e baterias elétricas, ele poderia transportar até 400 quilos de defensivos agrícolas.

De acordo com o fundador, o fim da divisão de drones está ligado à dificuldade de atrair novos investidores e fechar contratos com rapidez. Até agora, a startup foi sustentada por aportes de dois investidores, que somaram R$ 19 milhões.

“Cada mês de cash burn da Psyche custa milhões. A cada 30 dias que passavam, estávamos queimando milhões”, disse o CEO da startup.

Estratégias e Investimentos

Além disso, no final de janeiro, a empresa abriu uma rodada de investimentos no valor de R$ 50 milhões. A expectativa era atrair novos investidores com o lançamento da plataforma Turing.

“A gente esperava fechar contrato dentro de 30 dias, por exemplo, e alguns contratos que conseguimos avançar com mais facilidade ainda estão sendo discutidos”, afirmou Leal, sinalizando que os planos não correram como o esperado.