
A exportação de pescados brasileiros para os EUA está suspensa. Segundo a Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), pelo menos 1.500 toneladas de peixes e frutos do mar deixaram de embarcar para o país norte-americano desde quinta-feira (10).
Jairo Gund, diretor-executivo da Abipesca, explica que há contêiners parados em diversos portos brasileiros, especialmente na Bahia, Ceará e Pernambuco.
Isso porque o tempo para que o produto chegue pelo mar aos EUA é cerca de três semanas.
Dessa forma, os empresários norte-americanos estariam temerosos sobre o valor que o pescado chegará por lá. A nova tarifa começa a valer a partir do dia 1º de agosto.
Superávit dos EUA com o Brasil alcança US$ 1,7 bilhão
Ao longo do 1º semestre de 2025, o superávit comercial dos EUA em relação ao Brasil alcançou US$ 1,7 bilhão – um aumento de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024. O resultado acontece em meio a tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump, que teve início no mês de abril.
Mesmo com o crescimento de 7,7% da corrente de comércio bilateral no período, totalizando US$ 41,7 bilhões, o 2º maior valor da série histórica, o levantamento da Amcham Brasil, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, aponta efeitos cada vez mais visíveis das tarifas sobre setores estratégicos das exportações brasileiras.
As exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 20 bilhões no primeiro semestre de 2025, um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2024.
Segundo a Amcham, o desempenho superou a ligeira queda nas exportações brasileiras ao mundo (-0,6%) e alguns dos principais parceiros como a China (queda de 7,5%) e a União Europeia (+2,6%). Entre os cinco maiores destinos, apenas a Argentina (+55,4%), teve alta acima dos EUA, como um grande reflexo da recuperação econômica do país vizinho.
Relação comercial entre o Brasil e os EUA
Entre os 10 principais dos produtos brasileiros exportados para o país norte-americano, os bens industriais e derivados de petróleo compõem os destaques.
- Óleos brutos de petróleo;
- Produtos semi-acabados de ferro ou aço;
- Café não torrado;
- Aeronaves;
- Ferro-gusa;
- Óleos combustíveis;
- Carne bovina;
- Sucos de frutas;
- Papel e Celulose;
- Instalações e equipamentos de engenharia civil.
As exportações industriais totais aos EUA cresceram 4,4%, de US$ 19,2 bilhões para US$ 20 bilhões. O resultado fez com que o país tenha ampliado sua liderança como principal destino da indústria brasileira de bens industriais, que subiram de US$ 14,7 bilhões para US$ 16 bilhões no período.
Por outro lado, as importações brasileiras provenientes dos EUA totalizaram US$ 21,7 bilhões, um forte aumento de 11,5% no período (ou US$ 2,2 bilhões a mais em relação ao mesmo período do ano anterior). O crescimento foi maior do que o das compras totais pelo Brasil do mundo (+8,3%) e de parceiros como a União Europeia (+4,4%) e o Mercosul (-0,9%).
Os 10 principais produtos importados dos EUA são:
- Motores e máquina não elétricos;
- Óleos combustíveis;
- Aeronaves;
- Óleos brutos de petróleo;
- Polímeros de etileno;
- Carvão;
- Medicamentos e produtos farmacêuticos;
- Instrumentos e aparelhos de medição;
- Outros medicamentos;
- Inseticidas.
O estudo aponta que a alta nas importações brasileiras provenientes dos EUA foi superior às importações do mundo (8,3%) no período.
Setores impactados
Segundo o parecer, apesar do desempenho geral positivo das exportações brasileiras no primeiro semestre, setores estratégicos já começam a apresentar retração nas vendas aos EUA como consequência direta das tarifas atualmente em vigor.
Dentre os 10 principais produtos que tiveram queda nas exportações, oito deles estão sujeitos a aumentos tarifários, como celulose (-14,9%), motores (-7,6%0, máquinas e equipamentos (-23,6%), manufaturas de madeira (-14,0%) e autopeças (-5,6%).