Foto: agronegócio / CanvaPro
Foto: agronegócio / CanvaPro

Durante o Shutdown, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) interrompeu a publicação de relatórios cruciais para o mercado global de grãos, incluindo o WASDE (World Agricultural Supply and Demand Estimates).

A ausência dessas informações deixou traders e produtores operando com incerteza elevada, ampliando a volatilidade nas cotações da Bolsa de Chicago (CBOT). 

Programas federais de crédito rural, seguros agrícolas e inspeções fitossanitárias também foram paralisados, comprometendo o planejamento da safra 2025 nos EUA. 

De acordo com analistas do setor, o atraso na normalização desses serviços pode gerar grandes efeitos: “O dólar mexe na receita, mas também nos custos, já que grande parte dos insumos é dolarizada. Cada oscilação altera a percepção de margem e deixa o produtor mais cauteloso para travar o preço” afirma o especialista Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro

Apesar do fim da paralisação, os impactos econômicos ainda devem ser sentidos. A suspensão temporária de serviços federais, relatórios oficiais e atividades administrativas atrasou a divulgação de dados estratégicos e reduziu o ritmo de setores-chave da economia americana, como o agronegócio e o de tecnologia. 

Dólar e commodities: impacto direto no Brasil

No agronegócio brasileiro, o cenário é acompanhado de perto “O equilíbrio entre exportação e abastecimento interno hoje responde quase em tempo real ao mercado internacional.” explica Felipe. A normalização das atividades governamentais nos Estados Unidos pode reaquecer o dólar e influenciar diretamente os preços internacionais de commodities.

A expectativa de normalização fiscal nos Estados Unidos tende a fortalecer o dólar no mercado internacional. Para o agronegócio brasileiro, essa dinâmica cria janelas de oportunidade para exportação, mas também eleva custos de produção, “Em fases de preços internacionais mais fracos ou prêmios comprimidos, a paridade interna volta a ser mais competitiva, retendo produto no país.  O câmbio amplifica esse movimento, ajustando rapidamente a direção do fluxo”, explica.

Com os EUA respondendo por aproximadamente 30% das exportações globais de soja e milho, qualquer instabilidade no fornecimento americano reposiciona o Brasil como alternativa estratégica no mercado internacional.