
Em um ano marcado por menos euforia e mais maturidade, o mercado cripto passou por uma fase de ajustes que reposicionou expectativas e consolidou novas frentes de inovação. Para Ignacio Aguirre, diretor de marketing (CMO) da Bitget, 2025 não foi sobre explosões de preço, mas sobre fundamentos, institucionalização e infraestrutura.

Na entrevista a seguir, Aguirre analisa o desempenho do setor, fala sobre tokenização, IA, regulação e antecipações para 2026 e, além disso, detalha os planos da Bitget para um mercado cada vez mais integrado entre finanças tradicionais e blockchain.
Veja a entrevista completa:
Como você avalia o desempenho do mercado cripto em 2025?
2025 foi menos sobre movimentos explosivos e mais sobre maturação. A indústria passou por um período de construção silenciosa, com foco em fundamentos. A volatilidade dos principais ativos caiu para abaixo de 50%, o que mostra um comportamento menos especulativo. O ano representou ajustes importantes e não uma simples recuperação. O setor se recalibrou para o que vem pela frente.
Quais foram os principais fatores que influenciaram o comportamento dos investidores neste ano?
Regulação, macro e tecnologia influenciaram o mercado, mas a clareza regulatória ganhou protagonismo. Expectativas de juros e a força do dólar impactaram ativos de risco, enquanto avanços como tokenização e integrações DeFi deram novos casos de uso. A regulação, porém, destravou demanda reprimida. Em 2025, vimos a tokenização de RWAs crescer múltiplas vezes e um fluxo institucional robusto via ETFs e custódia.
Quais segmentos do setor mais se destacaram em 2025?
Tokenização e criptoativos ligados à inteligência artificial foram os grandes destaques. As memecoins seguiram ativas, mas o crescimento estrutural veio dos RWAs e da convergência entre IA e blockchain. O DeFi evoluiu, mas o diferencial esteve na utilidade, não na especulação.
Que tipo de movimento de mercado a Bitget espera para 2026?
Enxergamos 2026 como uma fase de maturação regulada. Se a infraestrutura continuar avançando e grandes tecnologias se consolidarem, como ativos tokenizados e trilhas híbridas CeFi/DeFi, um ciclo de alta é possível. Mas, por enquanto, vemos estabilidade e construção, não euforia.
Como a Bitget vê o impacto da tokenização de RWAs e das CBDCs no ecossistema?
São duas das mudanças mais estruturais do setor. A tokenização aumenta liquidez e reduz barreiras, transformando ativos do mundo real em instrumentos negociáveis globalmente. As CBDCs validam o blockchain como infraestrutura de liquidação. Para nós, isso marca a transição da especulação para a digitalização de valor, alinhado ao nosso modelo Universal Exchange (UEX), que integra cripto, RWAs e finanças tradicionais.
O que muda com a entrada de grandes players institucionais e ETFs de cripto?
Muda tudo: liquidez, regulação e oferta de produtos. As exchanges precisam entregar livros de ordens mais profundos, auditorias claras e compliance reforçado. Os fluxos institucionais trazem liquidez relevante e ajudam a estabilizar preços, reduzindo spreads para todos os usuários.
Como o avanço regulatório no Brasil e na América Latina impacta a estratégia da Bitget?
Regulação clara é um acelerador. São mercados altamente digitais e com grande potencial de adoção. Quando surgem regras definidas para custódia, valores mobiliários digitais e stablecoins, ganhamos confiança para investir e escalar. Para nós, a região é uma das fronteiras mais importantes de crescimento.
O próximo grande avanço do setor virá da integração entre cripto e finanças tradicionais?
Sem dúvida. O avanço real acontece quando paramos de separar CeFi e DeFi. Ativos tokenizados, parcerias de custódia e implementações institucionais mostram que essa fusão já começou. O UEX foi construído com essa visão. A adoção mainstream virá dessa convergência.