
O ano de 2025 tem sido um ponto de inflexão para o mercado de criptomoedas, segundo Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil. Em entrevista, o executivo destacou que o novo ambiente político nos EUA, com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, transformou a dinâmica global do setor e abriu espaço para uma expansão institucional sem precedentes.
“O grande vetor de mudança foi justamente a eleição do Trump e a postura mais aberta do governo em relação ao mercado cripto”, afirmou Prado. “Enquanto o governo Biden mantinha um tom de antagonismo, agora vemos uma era de incentivo à inovação.”
Entre os destaques do período, Prado citou o Genius Act, marco regulatório norte-americano que estabeleceu novas diretrizes para o uso de stablecoins, criptomoedas pareadas a moedas fiduciárias, em sistemas de remessas internacionais.
“Esse novo framework trouxe clareza e impulsionou empresas de pagamento a adotarem tecnologia blockchain em escala global”, explicou.
No Brasil, o executivo observa um movimento semelhante, embora com desafios. Segundo ele, episódios de fraudes e ataques envolvendo o Pix aumentaram o rigor regulatório, o que tende a favorecer apenas os grandes players.
“Só vão sobreviver os PSPs (Payment Service Providers) com mais estrutura ou que forem adquiridos por bancos”, disse.
A valorização do Bitcoin, que superou a marca simbólica de US$ 100 mil neste ano, também reforçou o papel da criptomoeda como reserva de valor.
“O Bitcoin está sendo testado como ouro digital”, avaliou Prado. Ele lembra que, ao lado de metais preciosos como ouro e prata, o ativo tem sido visto como porto seguro em tempos de incerteza macroeconômica.
O avanço da adoção em massa, impulsionado por economias emergentes e pela utilização de stablecoins em pagamentos cotidianos, é, na visão do executivo, o principal fator que deve moldar o futuro do setor.
“Estamos caminhando para uma mudança de paradigma. Quando as pessoas usarem cripto no dia a dia, atingiremos de fato a adoção em massa”, afirmou.
Para os próximos anos, Prado projeta uma migração gradual das exchanges centralizadas para plataformas descentralizadas, que permitem negociar criptoativos e até ações tokenizadas sem intermediários.
“A Bitget quer se tornar uma UX — um grande agregador de mercados tokenizados, de cripto a forex”, adiantou.
No cenário brasileiro, a expectativa é que o tema da regulação volte ao centro das discussões com a aproximação das eleições de 2026.
“Acima de 80% do volume regional de cripto vem de remessas em stablecoins. É inevitável que os bancos se integrem à tecnologia blockchain”, disse.
“Mas tudo vai depender do ritmo político: podemos ver avanços rápidos nos próximos meses ou, mais uma vez, um adiamento para o próximo governo.”