Crédito estruturado: como a Manatí conecta mercado e economia real
Foto: Eduardo Mekbekian, Sócio da Manatí,

O mercado de crédito estruturado vem se consolidando como uma das principais pontes entre o capital dos investidores e as demandas de financiamento da economia real no Brasil.

Com o avanço dos fundos de investimento imobiliário (FIIs) e o amadurecimento da base de investidores, gestores têm encontrado espaço para originar operações fora do eixo tradicional do mercado financeiro, em especial junto a empresários regionais e médios que buscam alternativas de funding além dos grandes bancos.

Nesse cenário, a Manatí tem se destacado por sua atuação na estruturação de operações lastreadas em ativos reais e pela parceria com assessores de investimentos que ajudam a distribuir essas oportunidades ao público.

“O Brasil é muito maior do que o quintal tradicional”, afirma Eduardo Mekbekian, sócio-fundador da gestora. “Há empresários muito fortes regionalmente, mas que não são conhecidos pelo mercado financeiro. É com eles que queremos construir pontes.”

Com quase 40 mil investidores e cerca de R$ 800 milhões sob gestão, a casa se consolidou na originação de operações e na criação de produtos financeiros que canalizam recursos do mercado de capitais para setores produtivos.

Em entrevista ao BP Money, Mekbekian falou sobre a tese da gestora, os desafios do setor, a relação com os assessores e o papel dos fundos imobiliários na expansão do crédito no País.

Originação e propósito: transformar capital em desenvolvimento

A gênese da Manatí está na busca por um modelo de negócios que unisse originação local e estruturação técnica. “A ideia era manter uma plataforma capaz de entregar soluções de capital diferenciadas junto aos empresários, ajudando no crescimento e na expansão do mercado de capitais”, explica Mekbekian.

Segundo o executivo, a gestora nasceu com uma visão clara: entender as necessidades de financiamento de empresários regionais e transformá-las em produtos de investimento acessíveis aos cotistas. “Nosso papel é traduzir a demanda de capital em um produto financeiro. Com base nele, fazemos a captação e entregamos retorno para o investidor”, afirma.

A escolha pelos fundos imobiliários como estrutura predominante, segundo Mekbekian, foi uma consequência natural do tipo de operação desenvolvida. “O lastro imobiliário está presente em diversos setores da economia. Sempre há uma sede, um ativo patrimonial, uma holding dos sócios envolvida”, diz.

O formato também facilita a análise de risco e a formalização de garantias. “A experiência do nosso time no setor nos permite entender profundamente as premissas de cada operação, precificar o risco e definir o quanto cada risco custa”, explica.

Nos fundos de papel, foco principal da casa, a rentabilidade é formada a partir de operações indexadas a CDI ou IPCA. “Mesmo em um ambiente de juros altos, conseguimos entregar resultados consistentes, porque nossas operações são contratadas já com base nesse patamar de juros”, complementa.

A relação entre juros e desempenho dos FIIs

O executivo observa que o desempenho dos fundos imobiliários tem forte correlação com o ciclo de juros. “Em períodos de taxa elevada, os fundos de tijolo sofrem mais com a precificação das cotas”, afirma. Já os fundos de papel, que concentram ativos de crédito, mantêm rendimento real.

“A gente traz originação própria, estruturação detalhada e garantias robustas. Quando olhamos o retorno em relação ao mercado, observamos resultados interessantes para os cotistas”, afirma Mekbekian.

Desafios da gestora: captação e pipeline caminham juntos

Para o fundador da Manatí, gerir uma casa de crédito estruturado exige equilíbrio entre dois pontos: captação e originação. “A captação é a matéria-prima do trabalho, mas depende de boas operações para existir. E as boas operações, por sua vez, só acontecem se houver capital disponível para financiá-las”, explica.

De acordo com ele, o segredo é manter as duas frentes ativas e conectadas. “Usamos nossa rede de relacionamento com empresários e, com base nessa credibilidade, transformamos demandas reais em produtos financeiros. Dessa forma, a partir daí, captamos com investidores e fechamos o ciclo.”

Assessores de investimentos: elo essencial com o investidor final

A presença dos assessores de investimento é central na estratégia da gestora. “Eles são grandes parceiros da Manatí”, afirma Mekbekian. “A formação cada vez mais completa desse profissional tem um efeito positivo na sociedade de forma exponencial.”

O papel desses agentes, explica o executivo, é conectar o investidor à economia real. “O recurso que o assessor ajuda a direcionar para nossos produtos é o mesmo que viabiliza a operação de um empresário em outra capital, que paga impostos, gera empregos e movimenta a economia”, diz.

Essa dinâmica exige proximidade e transparência. “Mantemos reuniões recorrentes, eventos e prestação de contas. Isso ajuda a reduzir objeções e a mostrar resultados de forma concreta”, completa.

Captação pulverizada e democratização do investimento

A expansão da base de investidores é outro pilar da estratégia. “Contamos cada vez mais com a captação pulverizada. O assessor tem papel fundamental nisso, porque ele é quem traduz a mensagem técnica para o investidor final”, explica Mekbekian.

Para ele, o processo de desintermediação. Ou seja, a redução das barreiras entre o mercado financeiro e o investidor, é inevitável e positivo. “Nosso trabalho muitas vezes parece abstrato. Mas, quando o assessor explica o racional da operação, o investidor entende que está alocando em crédito estruturado que financia atividades reais.”

Planos da Manatí: mais operações e novos setores

O foco da gestora segue em manter a disciplina na originação e ampliar o escopo de atuação dentro dos investimentos alternativos. “Seguimos com o crédito estruturado como carro-chefe, mas olhamos também para infraestrutura e agronegócio”, revela.

Esses segmentos, segundo ele, passam por uma transição de modelo. “O funding subsidiado e direcionado tende a perder espaço, e o mercado de capitais deve assumir um papel cada vez maior”, analisa. “Quem tem capacidade de originação e leitura de risco vai continuar encontrando boas oportunidades.”

Portanto, para Mekbekian, o diferencial da Manatí está na capacidade de conectar pontas que, historicamente, estiveram distantes. “Nosso trabalho é unir o investidor que busca retorno e o empresário que precisa de capital”, diz.

Em suma, o executivo resume a proposta da casa com uma frase que, para ele, traduz o espírito do negócio: “A sinergia entre o mercado financeiro e a economia real é imbatível quando o investimento é bem estruturado”.