Entretenimento

De lives à novela: DiaTV cria negócio milionário com entretenimento

Em entrevista ao BP Money, Rafael Dias, CEO da DiaTV, falou sobre os planos de expansão da primeira TV da internet feita por criadores de conteúdo

Rafael Dias, CEO do Dia Estúdio / Foto: Divulgação
Rafael Dias, CEO do Dia Estúdio / Foto: Divulgação

A telinha da TV é uma realidade para os brasileiros desde 1950, quando o primeiro canal nacional foi criado. Mas assistir TV deixou de ser um ato passivo no 3º milênio. Ver uma história sendo narrada não é suficiente, o público quer se enxergar na tela. Foi pensando nessa perspectiva que surgiu a DiaTV, a maior empreitada do Dia Estúdio. 

O negócio, que carrega em seu portfólio nomes de influenciadores digitais que acumulam milhões de seguidores nas redes sociais, se estabeleceu como o primeiro canal de televisão da internet. Feita inteiramente por criadores de conteúdo, a DiaTV, programação diária da empresa com transmissão no Youtube 24 horas por dia, 7 dias por semana, foi criada em 2023.

Além disso, o trabalho do Dia Estúdio, que tem 11 anos de atuação, se alastra a outras atividades da área audiovisual, já tendo estabelecido parcerias com marcas de reconhecimento nacional e mundial, como o banco Itaú, Netflix, Google, Facebook, Bradesco, entre outras.

Em entrevista ao BP Money, Rafael Dias, CEO do Dia Estúdio e diretor-geral da DiaTV, explicou que a ideia do negócio surgiu enquanto ele trabalhava na direção de programas da MTV, o maior canal de entretenimento para os jovens durante os anos 1990 e 2000.

“Naquela época, 12 anos atrás, todas as produtoras audiovisuais faziam o cinema ou vídeo institucional paras empresas ou publicidade ver desde 30 segundos de break comercial. Elas não faziam coisas voltadas para a internet, então chegamos nos especializando e produzindo nesse nicho”, disse.

Para criar a DiaTV, o Estúdio desembolsou R$ 10 milhões em recursos próprios, segundo o CEO. Antes disso, em 2021, a empresa decidiu expandir sua estrutura física na cidade de São Paulo. O local chegou a ser considerado o maior espaço do País para a produção de conteúdo digital.

Nesse momento, o foco dos trabalhos tem sido expandir a programação e criação de conteúdo. Segundo Dias, a empresa está trabalhando em projetos grandes para alavancar e fidelizar seu público, como um reality show da influenciadora e empresária Mari Maria.

Um outro exemplo de conteúdo desenvolvido é a primeira novela do canal, “Blogueirinha, a feira”, criada e estrelada pela personagem Blogueirinha, do ator Bruno Matos. A história está no ar desde setembro deste ano, com patrocínio da Brastemp, e já acumula pedidos e negociações de parcerias e patrocínios com outras marcas interessadas, segundo o executivo.

Para acompanhar o ritmo acelerado dessa produção, o CEO afirmou que a empresa também já aumentou sua estrutura física, com dois novos andares no prédio onde funcionam as atividades da empresa.

“A marca antes nos contratava como produtora uma live, agora ela pode contratar uma live com a gente, que passa em uma televisão. Então passou a ser muito interessante termos esse outro produto, para poder comercializar também”, afirmou Dias.

Confira a entrevista com o CEO da DiaTV na íntegra:

Como surgiu a ideia do Dia Estúdio e, além da DiaTV, como funciona a atuação da empresa com os influenciadores e marcas com as quais vocês trabalham?

O Dia Estúdio surgiu por uma necessidade de uma dinâmica. Dentro da MTV, percebi que os criadores de conteúdo produzindo em casa, no quarto, tinham mais audiência do que a própria MTV, isso 12 anos atrás.

Então criei o meu programa, onde eu entrevistava os maiores influenciadores do Brasil com cinco câmeras sozinho. E naquele momento, percebi o quanto existia um espaço no mercado para uma empresa como a nossa, uma empresa que ajudaria os criadores a produzir e conectaria esses criadores às marcas. 

Além disso, também percebi que havia um espaço no mercado para empresas que soubessem produzir na internet. Naquela época, 12 anos atrás, todas as produtoras audiovisuais faziam o cinema ou vídeo institucional paras empresas ou publicidade ver desde 30 segundos de break comercial. Elas não faziam coisas voltadas para a internet, então chegamos nos especializando e produzindo nesse nicho. 

Lançamos cinco canais no YouTube na época e o YouTube nos credenciou como rede de canais. Essa rede de canais nos deu a possibilidade de chamar o primeiro canal para compor, o “Depois das 11”. Então fizemos um contrato com o “Depois das 11”, que a Dia cuidaria da carreira delas pra fazer elas acontecerem durante 24 meses, entre dois anos. 

Depois das meninas, vários outros criadores viram o trabalho que a Dia fazia e foram pedindo pra poder fazer parte. Até que chegou um dado momento em que eu olhava para as programações de TV e não me identificava com nenhum canal de linear que tinha no Brasil naquele momento. 

A partir dali pensei “Vou fazer um canal de televisão que fale com essa galera” e então surgiu a Dia TV, um dos maiores projetos da minha vida.

A empresa já tem planos de expandir novamente esse espaço? 

Nesse momento, estamos focados na expansão. A empresa vem em uma crescente muito grande. Temos, inclusive, duas produções que vão estrear no último trimestre, que é o reality show da Mari Maria e a nova temporada de Corrida das Blogueiras. Então são duas produções muito grandes, que têm um poder de audiência gigantesco.

Então estamos muito focados nisso, acabamos de pegar dois novos andares no nosso prédio [onde ficam os estúdios da DiaTV] para expandir o nosso espaço. Outro foco, no momento, é na programação mesmo, na geração de novos conteúdos para termos mais audiência. E vamos conseguir fazer isso de uma maneira incrível.

Um dos próximos projetos que já está sendo anunciado é a primeira novela do canal, “Blogueirinha, a feia”, o que esse projeto tem exigido da DiaTV, em questão de recursos e estratégias?

Quando começamos a fazer os programas, pensamos primeiro no público, depois na marca, se não isso então pensamos no investimento financeiro. A novela hoje tem patrocínio da Brastemp, e tem vários clientes nos procurando para entrar na novela e dar um jeito de transformar “Blogueirinha, a Feia” em “Blogueirinha, a Bonita”.

Isso é o mais legal do nosso trabalho. Quando pensamos em fazer novela com o Bruno [Matos, ator que interpreta a personagem Blogueirinha], estávamos falando de um investimento grande, sabe? A novela custa 300 mil, é um custo alto produzir uma coisa assim. Precisamos levantar esses recursos com patrocinadores ou conosco mesmo. A primeira temporada que vamos fazer são vários custos que vem de recursos próprios da Dia TV e dos próprios criadores.

A DiaTV tem parceria com diversas marcas que são anunciadas nos programas, como está a procura pelos pacotes de anúncios? Quais as projeções de captação para o final deste ano?

As marcas compram os programas mesmo para poder anunciar neles. Esse ano, já conseguimos chegar no break-even, que é fechar as contas do ano. Faturando de um programa conseguimos pagar o custo de outro.

Mas ainda é uma televisão, tem programas que faturam mais, tem programas que faturam menos, então vamos distribuindo. O mais legal é que agora, no segundo semestre, que foi praticamente quando lançamos a nova grade, estamos vendo uma procura muito grande [de patrocinadores].

Isso é o que nos deixa mais motivados porque mostra que estamos fazendo um trabalho no caminho certo e que as pessoas estão assistindo. Então é o que nos deixa mais felizes.

O crescimento da Dia Estúdio aconteceu de 2020 para frente, durante a pandemia. Nesse momento, quais são as estratégias que a empresa tem adotado para se manter competitiva e crescendo? 

Eu sempre falo isso assim, eu tinha uma dificuldade muito grande de explicar para o meu pai o que era uma live. Quando aconteceu a pandemia e o Roberto Carlos fez uma live, meu pai entendeu o que era uma live. E isso popularizou muito o nosso trabalho, popularizou muito o que a gente fazia, o Brasil inteiro entendeu que era uma transmissão ao vivo, uma live na internet.

Tivemos uma divulgação muito grande do nosso trabalho ali, mas já fazíamos lives desde 2017, 2016. Então quando chegou a pandemia ali em 2020 já sabíamos fazer o trabalho muito bem.

Então ocupamos esse espaço, fazíamos transmissões com a Netflix antes da pandemia, durante a pandemia e agora também. O que é muito legal é que agora não somos só uma produtora para essas marcas, também somos um veículo que divulga essas produções que fazemos. 

A marca antes nos contratava como produtora uma live, agora ela pode contratar uma live com a gente, que passa em uma televisão. Então passou a ser muito interessante termos esse outro produto, para poder comercializar também.

Quais têm sido os desafios em se manter competitivo nesse meio no momento? 

Sobre os desafios, acredito que conseguimos dar conta de tudo que está aparecendo. Acredito que conseguimos desenvolver uma televisão de uma maneira única. 

Ninguém tinha feito isso ainda. Uma televisão focada em internet, produzindo para internet. Nossa estrutura toda é focada na internet e no público da internet, que é uma nova audiência. 

No desafio, acredito que a tecnologia do primeiro ano foi o nosso maior desafio, nesse momento já não é tanto, porque já temos mais coisas desenvolvidas, tecnologicamente falando, para conseguir fazer isso, porque o sinal da DiaTV está ao vivo em vários canais. Esse era o desafio inicial, pois não existia ferramenta para isso antes, e agora temos.

Há também o desafio que é para todos os veículos de mídia, que é de conseguir seguir relevante e crescendo o público. Diferente dos canais de TV aberta, por exemplo, que perdem público com o passar dos anos, em função da internet na TV, estamos do lado oposto, estamos do lado que está ganhando o público.

Com 11 anos de atuação, a Dia Estúdio já foi pioneira em outras oportunidades, como a primeira live da parada LGBTQIA+ de São Paulo, em quais outros meios e mercados vocês têm visto chances de crescer no futuro?

Hoje estamos muito focados em entretenimento, acho que isso fica bem claro com os reality shows, com os programas de humor. Mas os próximos segmentos que estamos visando são o de beleza, moda, e também a música. Vamos expandir os nossos segmentos, porque ainda assim estamos dentro do entretenimento.

Então, nenhuma chance de fazer uma competição com a CazéTV, ou algo nesse segmento esportivo? 

Não existe. Eu adoro quando as pessoas falam que a CazéTV é a TV dos héteros. Eu amo essa comparação. Primeiro porque fico muito feliz de termos feito isso antes de todo mundo ser o primeiro no mundo. É uma alegria imensa e principalmente por ser tanta diversidade na frente da câmera.

Isso me orgulha de uma maneira inexplicável porque realmente não acredito que teria uma outra maneira de fazermos isso, e hoje, no Brasil, não teria também uma outra empresa que  conseguisse fazer isso como a gente faz. Trazer diversidade dessa maneira. 

Me traz uma alegria imensa saber que somos um grupo de comunicação independentes. Porque quando a gente fala de grupo, a gente está falando da palavra na essência máxima dela. Somos um grupo literalmente de pessoas fazendo isso. Mas acredito que no esporte não vamos entrar no momento.

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